Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Diários de Bordo - acerca de Paris (e uma personagem de bd)

   



Paris, centro nostálgico, lar de todos os gatos siameses. Dos vagabundos e dos olhares sedutores de damas cujos suspiros levianos são enigmas na perdição da noite.

Ele nunca deixou de acreditar em tudo o que o mistério designava, pelas horas sagradas.
Procurando em os seus semelhantes viverem em histórias dignas de serem relatadas, perfeitos seres híbridos capazes de misturar o intelecto com mapas traçados de uma vida sem facilidades mas igualmente sem os  lugares comuns ou tempos mortos.

As conversas eram difíceis de acompanhar, e podia-se até dizer por vezes que tentavam à maneira típica do romantismo atingir a pureza de espírito dos “bons selvagens” estando por isso dispostos a abdicar das suas respectivas famílias e de todas as restritas leis laborais para assim preservar a sua genuinidade.

Rejuvenesciam ao fazer amor com os anjos, mas era apenas e só do desgosto que procriavam.
Seriam talvez os únicos a não ficarem indiferentes à mudança das estações quando a frescura da primavera finalmente chegava.
Vivendo sonhos de uma nobreza mística que desordenadamente se perdiam entre o caos dos vícios e das paixões.    

"Tu le connais, lecteur, ce monstre délicat hypocrite lecteur, — mon semblable, — mon frère!"
"People are strange when you're a stranger; faces look ugly when you're alone..."

Tinha assim aprendido a decifrar todos os sinais daquela cidade, remodelando-se sempre no silêncio das madrugadas, num misto de névoa e saudade.

A musa, que, num simples múrmurio ou cortejo dos ventos estava sempre presente, o simbolismo da nossa obscura imaginação, que incentivava constantemente a escrever e a recitar grande autores que ali também outrora tinham estado presentes.
Não era a Mona Lisa, talvez lembrasse antes com o raiar da aurora Jeanne Hébuterne vista de perfil qual um busto de mulher serena, aprontando-se para seduzir. 

Como exteriorizar a vozes do nosso desgosto?!
Continuando a implorar por loucura,
nas noites em que esta nos é servida pelos pajens loucos?!
A sombra dos teus dedos pela minha pele
incestuosa irmã da morte,
as torpe revelacões do além, não escondem a minha sorte
até ao doce murmúrio da manhã.
depois de escutar toda a verdade incompressível dos mitos
nenhuma voz nos deixa fraquejar 
num encadear de corpos tresspassados pela luz 
desde todas as estreitas passagens
num por do sol, sur le ciel de paris
(brindamos à vida boémia dos anjos)
Que hoje te lembres finalmente quem és.
Ou serás tu, um mero pragmatismo mais
dos sem fé nos dias de hoje?!


Derrick Nightingale

"...o olhar vazio que anuncia as confidências que em breve irá começar a cantar ao luar"




 


Sem comentários:

Enviar um comentário