Quando era miúdo sonhava em ser futebolista.
E qual não foi o miúdo, hoje graúdo, que não tenha tido esse sonho?
Mas não sonhava em marcar golos, nem fazer jogadas de levantar estádios.
Sonhava antes com grandes voos planados, em ser guarda- redes e relembro-me do quanto vibrei ao ganhar o meu primeiro par de luvas, as mais baratas das que haviam na loja claro está, pois para o meu pai eram para serem gastas entre os jogos de putos de rua, os tais em que paus e pedras servem sempre como postes de baliza.
Há pouco tempo atrás, enquanto ajudava a minha família nas vindimas anuais da nossa pequena quinta no Alentejo apercebi-me que o meu pai ostentava o meu boné de outrora cuja existência tinha-me esquecido por completo nesse momento retirei-o da sua cabeça de imediato e procurei em vão pelos sinais das assinaturas.
Num flashback instantâneo recordei-me desses momentos de infância, e com um sorriso nos lábios tornei a colocar o boné, bem no alto da sua cabeça.
Relembro este episódio hoje, simplesmente porque ao longo dos anos esta crença sportinguista e principalmente esta minha crença pelo futebol como um desporto de competição íntegro e honesto terá começado igualmente a desbotar lentamente da mesma forma que todas essas assinaturas.
Relembro-o também pelas saudades das "jogatanas" que eu e todo os restantes miúdos costumávamos ter no campo pelado perto de casa durante o Verão depois das incursões clandestinas na barragem, sempre pelos finais de tarde quando a temperatura se tornava mais amena e suportável.
Enfim, Também são saudades do desporto escolar, dos treinos após as aulas e de fazer desporto em geral.
O Futebol e o Karaté foram os únicos desportos que alguma vez pratiquei.
O Futebol e o Karaté foram os únicos desportos que alguma vez pratiquei.