pelas sombras que o mundo perdeu
confundindo
entre paraísos de ausência
desvelando as essências,
que o tempo inquisidor
a espeito
nos orvalhos escondeu
a humanidade detém um local secreto
bem secreto, lá nas origens do mundo
como um poço sem fundo
para onde se escondem as sombras
aladas,
alimentadas pelas fadas do silencio
- que nome se dá às almas?
só elas o saberão
vagueio, no vagar lento das sombras
oculto me nelas
pois nunca
gostei de expor me em demasia
uso e abuso dos sentidos
para passar despercebido
ao lúgubre antro impuro
volto sempre
aos vestígios interiores do que não se expõe
o pudor de uma nudez pútrida
que sabe bem
que nem tudo o que reluz é ouro
sobre esta indolência
o som da chuva abrandava
os símbolos imaginários,
agora desfeitos
à revelia de outras sensações
sacrilégio
que assim deflagrava
como uma primitiva visão
"do you want some light?!"
tomara eu poder
eu exigir
a imortalidade quimérica
dos sentidos,
para depois
inebriado me extinguir
com o sangue derramado
dos mortos
tudo o que me resta de ti
é somente noite
que ondula
e estremece pelos corpos
abraçando uma mudez
no frémito do mundo
um cântico
pelas suas profundezas agrestes
- partirei assim
uma vez mais
uma vez mais
sem crença nem medo
the merry frolics of satan (mélies)

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