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segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

no céu nocturno do pensamento / nietzsche

no céu nocturno do pensamento,

onde as estrelas não estão fixas,

mas em constante movimento,

entre quebradas e renovadas promessas.

a velha canção do "bem" e do "mal" ecoa no vento,

desgastada, sem brilho,

bocas que repetem o que nunca foi seu.

Ah, o anseio pelo comum, pelo que todos conseguem consumir sem qualquer esforço

– eis o veneno que obscurece a percepção dos criadores.



“(...) É preciso livrar-se do mau gosto de querer estar de acordo com muitos. "Bem" não é mais bem, quando aparece na boca do vizinho. E como poderia haver um "bem comum"? O termo se contradiz: o que pode ser comum sempre terá pouco valor. Em última instância, será como é e sempre foi: as grandes coisas ficam para os grandes, os abismos para os profundos, as branduras e os tremores para os subtis e, em resumo, as coisas raras para os raros.”

– Friedrich W. Nietzsche, Além do Bem e do Mal

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

the skeleton's garden

 tell me 

who knows when heavens cry?

they know it

down there

in skeleton's garden


the key to a sanctuary

oblivion of figures

they lay

under the stones

silent, shred light on the emptiness


testimonial 

remains 

of the forgotten 


tell me, 

who knows

the difference

between wrong and right?

they know it

down there 

in skeleton's garden


sexta-feira, 15 de novembro de 2024

lobos lusitanos

A minha primeira guitarra acústica foi me emprestada por um amigo chamado Lígio (que chegou a fazer parte de uma banda de Silves chamada Teasanna Satanna) e seria com ele e com um outro tipo que costumávamos tratar pela alcunha de "Barba" que começaríamos a tocar juntos mais frequentemente (curiosamente o seu irmão mais novo era o "Barbicha") eu tinha o hábito de levar um pequeno gravador portátil comigo e lembro me particularmente de uma sessão de improvisos com as nossas acústicas na mata, perto da vila de Odiàxere, aonde o Barba residia. 

Talvez influenciado pelos noruegueses Ulver eu daria a essa nossa sessão e ao posterior "projeto" em si o nome pomposo de Lobos Lusitanos. 
A nossa ideia inicial partia em fazermos algo inspirado na mitologia celta/ pagã e nas lendas tradicionais do Algarve. 
Tanto que tentamos desenvolver igualmente uma fanzine com esses temas a que se daria o nome de "Myth Zine"
A ideia passava por compilar algumas lendas e juntarmos artigos com entrevistas e reviews a bandas underground que nos chegavam, fossem pro outras zines, flyers ou pelo tape trading feito por correspondência postal.
Aos poucos e durante anos comecei então por trocar correspondência com bandas de todos os lados. 

Desde sei lá, Israel, Colômbia, Bélgica, Polónia, Brasil, Espanha, etc

Alguns tornaram se meus amigos, desde o baterista dos Embalmed (Brasil) o guitarrista de Sad Etheus(Israel), a rapariga da zine "Demónios Lusitanos" (acho que era assim que se chamava) tenho alguma pena por ter acabado por perder o contacto com muita dessa malta, alguns provavelmente terei voltado a cruzar me com eles em festivais, concertos etc sem sequer saber quem eram.

Durante muito tempo nunca me considerei nem "músico", nem "poeta", ou "fotografo" ou o quer que seja...talvez por nunca tenha passado de um eterno "projeto de" em que me tenha faltado sempre algo mais. Poderia dizer dinheiro principalmente, mas também disciplina, o eterno síndrome de querer fazer mil e coisas ao mesmo tempo e acabar por nunca fazer nada. Talvez por eu próprio me descredibilizar, isso faz por consequência que muita gente em meu redor acabe por fazer o mesmo comigo. 
Mas a verdade é que ando já há muito tempo a pensar corrigir todas as minhas lacunas e gostaria por exemplo de voltar a tocar baixo numa banda. Recordo me sempre do Sr. Willem ter me emprestado o baixo Tobias para ensaiarmos algumas vezes e se bem me lembro ele só tinha  começado a tocar depois dos 50. 
Pode ser que um dia, até consiga tocar Bossa Nova, em vez de Black Metal
Há sempre aquele tipo de coisas que gostaríamos de poder fazer mais regularmente na vida, há quem gostasse por exemplo de ir até à "Grande Muralha da China" eu pessoalmente preferia poder voltar a ter 15 anos para poder tocar música a sério.

Quando mudei-me de casa no Algarve, passei montes de tempo a revisitar algumas das k7's antigas com um leitor que tinha adquirido com esse propósito pouco tempo antes.

Acabei por descobrir algumas dessas gravações, recordei muita palhaçada, muita risada à mistura mas acabei por descobrir também algumas das gravações que fiz depois sozinho. 

Parecia tudo muito mais simples, pois havia muita imaginação para se fazerem coisas com poucos meios, recordo me até de colocar uma k7 com gravação de um riff meu a tocar repetitivamente durante vários minutos na aparelhagem enquanto improvisava por cima com voz, sem micro, ou tentava fazer uma segunda guitarra. 
Mais tarde, cheguei a ter um pequeno teclado emprestado.
(não tinha guitarra elétrica na altura).
Depois, com o gravador portátil, gravava todo o tipo de sons e compilava. 
O som do elevador, os passos nas ruas, colocava dentro de um bidão e tocava percussão por cima, no mato improvisávamos cânticos, mas um dos meus sítios prediletos para gravar era quase debaixo da ponte dos comboios.
Quando o comboio passava por cima das nossas cabeças.
Nunca entendi, no entanto, nada de programas de gravação e aliás nem sequer tinha ainda computador na altura. 
E, mesmo mais tarde, durante anos continuei sem perceber absolutamente nada. Sempre fui tremendamente primitivo no que a tecnologias dizia respeito, não consigo entender por isso mesmo como me deixei levar pelo engodo das redes sociais durante tanto tempo.

Sou talvez capaz de ter lido uns manuais acerca da Ableton, and that's it....




Segundo uma tradição antiga do folclore ibérico, uma pessoa pode transformar-se num homem lobo através de uma maldição lançada por um dos seus progenitores.
 A pessoa afetada por este tipo de licantropia é chamada assim de "lobo da xente" e é condenada a vaguear indeterminadamente, assassinando outras pessoas.








domingo, 27 de outubro de 2024

dirty road blues


pitiful missionaries

drifting

bemused , 

in the narrow notions of life

seeking

their own truth in lurch


death talks

death takes his toil

on the blink of a eye here

into death's kingdom they walk

are these fools unable to see 

your days are scarce, they murmured to me

           so i flung in order to tease disorder



destiny,

             no further than a restless land


it calls you in dreams

it calls you in death

to where ether breeds in

and strives within

your silent ways


but her words 

will languidly 

drive us


the violin creations, appealing to the choirs 

the drums sets rhythm, 

through our mindless isolation

all life urges, bringing the rain  

for the feast of the nation


neighbors  

kept the cards away, games are now hidden under their tables

bravery squads of heroes, they bestow in cradles

sharing their fruits

to all the oppressed children









quarta-feira, 23 de outubro de 2024

em breve

 Em breve,


dizem-me todos os astros

os espíritos

tornar-se-ão voláteis

quase intemporais

dentro do útero do tempo

sempre

um pouco mais além

do que toda a penumbra oceânica

onda celestial , harmonia tântrica

é o regressar do sonho

que se estende, sempre pelas manhãs

ânsia pura

reescrita

nestes dias de espera

pela tua inefável presença.

na gaveta um escrito

límpida era a proscrita memória

num mundo mais pequeno, num lugar de que sentia falta

as paisagens do interstício

desdém que me condenava a alma


longínquo como o mundo

vago como as palavras dos deuses

a evocação deles, procurei-a em ti

para a perder de novo num segundo


eleva me esta divina força criativa

que cresceu da terra, mãe

de onde evocamos todos os espíritos

Ó êxtase, mergulha as mãos

na alba

cospe o fogo e verte

a saliente veia da noite,

a vidente augura-me

o teu retorno.

- em breve

será novamente manhã.

domingo, 8 de setembro de 2024

diários de bordo - memórias alentejanas

 


Quando era miúdo sonhava em ser futebolista. 
E qual não foi o miúdo, hoje graúdo, que não tenha tido esse sonho? 
Mas não sonhava em marcar golos, nem fazer jogadas de levantar estádios. 
Sonhava antes com grandes voos planados, sonhava em ser guarda redes e relembro-me do quanto vibrei ao ganhar o meu primeiro par de luvas, as mais baratas que haviam na loja claro está, pois para o meu pai eram para serem gastas entre os jogos de putos de rua, os tais em que paus e pedras servem sempre como postes de baliza. 

Há pouco tempo atrás, enquanto ajudava a minha família nas vindimas anuais da nossa pequena quinta no Alentejo apercebi-me que o meu pai ostentava o meu boné de outrora, cuja existência tinha-me esquecido por completo nesse momento retirei-o da sua cabeça de imediato e procurei em vão pelos sinais das assinaturas que os jogadores do Sporting tinham me dado por alturas de um jogo particular no Algarve. 
Num flashback instantâneo recordei-me desses momentos de infância, e com um sorriso nos lábios tornei a colocar o boné, bem no alto da sua cabeça. 
Relembro este episódio hoje, simplesmente porque ao longo dos anos esta crença sportinguista e principalmente esta minha crença pelo futebol como um desporto de competição íntegro e honesto terá começado igualmente a desbotar lentamente da mesma forma que todas essas assinaturas. 
Relembro-o, também pelas saudades das "jogatanas" que eu e os restantes miúdos costumávamos ter no campo pelado perto de casa durante o Verão depois de regressarmos das incursões clandestinas até à barragem, sempre em finais de tarde quando a temperatura se tornava mais amena e suportável. 
Enfim, saudades também do desporto escolar, dos treinos após as aulas e de fazer desporto em geral. 
O Futebol e o Karaté foram até agora os únicos desportos que alguma vez pratiquei.


terça-feira, 6 de agosto de 2024

alien (nation)


  alien (nation)


alienating myself
from what future corpse 
i might be
fleeing myself 
from this masochistic murder 
of the self 
all wicked nature of men 
a midway warning
to a defiance of being

restless places
where you reborn, shredding the skin
as old as their values, 
as hollow as their faces
no valuable lightness 
is here to bare
no truth it seems to be 
at our pace

seven folded tales
of the untold dream 
are now revealed
torments of such great solitude 
i embrace, 
where faith and order fades
the prayers unreal, 
earning  
a god's lending hand 
that never feels

furthermore, in a devil's lore 
they claim 
disorderly in vain 
 that our romance is new
   but our hurling flame 
day by day
tightens away
like an
ancient morning dew

tracing to here 
where you stood 
in shame, 
only a fury whirling 
a breaking 
loosing game

shortage of wings- can you hear me? 

tormented 
mind invasion
beckons the essence
lost 
in all those promises of faith 
made by 
a stranger's prier

in native soils,
the riddles of this earth
unwinds
the weight of silence
 
a shortcut to emptiness, 
across empires of consciousness
unraveling your 
only inspiration
you can have
an offering 
to a resigned 
alien nation 
in all it's might


perform the play 
you' re alive 
greet the hours
from the horizons
that through a limbo  
marked the flesh
out of our space 
haunted 
by delight 
still restlessly 
we aspire 
to go now








Todas as reações:


segunda-feira, 29 de julho de 2024

echoes of an early day home

 

This home as no heart
This heart as no soul

This soul shall never apart

I failed to feel, to see, to believe
to breathe
to heal
and seal
the eyes that all have seen

You re alone
always alone
at the end of it all
I curse what i feel
I feel that i curse
all that i loved here
and buried here first

But i still breed the fire
Always the fire
at end of it all



quarta-feira, 17 de julho de 2024

diários de bordo - lagos




Acordo e espreito pela janela...o deus dos trovões não dá tréguas hoje.

Chuva e vento comprovam como este se encontrava chateado com todos nós, e eu vou tentando comunicar como todas estas entidades omnipresentes desde a tua ausência, nesta ressaca silenciosa em que a memória do teu rosto resiste na tenacidade de um quarto escuro.


Hoje tinha pensado ir a Lagos. Adormecer no areal da Praia do Pinhão.
Não me perguntes o que esta cidade sempre teve de especial, pois eu próprio também te não sei responder. Talvez seja pela mobilidade de quem foge à rotina diária e desses mesmos rostos macambúzios, quase moribundos que te cercam, intimidam e como que te prendem a fala. Assustei-me no outro dia, enquanto tentava falar com alguém e não conseguia...apercebo-me cada vez mais de que as drogas têm esse efeito em mim...cavar cada vez mais fundo o abismo que me separa da nossa comunicabilidade.

Mas Lagos, Lagos....bem, de facto hoje faz sol em Lagos.

E é pela janela do comboio que espreito e te escrevo agora estas palavras no meu caderno de apontamentos e parece até que aqui a tal entidade divina e omnipresente já não se encontra mais chateada conosco.
Um nervoso miúdo invade-me, como me fosse reencontrar me contigo pela primeira vez desde daquela noite que nos conhecemos, talvez não seja Lagos mas antes sim tu o destino pelo qual eu tanto anseio. Algumas dúvidas antecederam esta vinda, que já estava planeada há muito mas que a falta de tempo parecia não querer permitir.
  
 Ao visualizar a Marina, ao sentir de novo essa brisa relembro-me novamente de ti e dos teus cabelos que dantes eram curtos e agora imagino-os longos, inquietos e selvagens...um dia virás aqui comigo também. Os locais falar-te-ão as mais belas praias do país e até mesmo os pequenos grupos de holandeses e alemães, os foreigners, cidadãos foragidos do rebuliço das cidades grandes te irão dizer que este é um lugar tranquilo para se viver.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

o espetáculo fatalista


um prenúncio 

que os curiosos escutaram 

ninguém mais necessitava de gritar

para se fazer ouvir

os mestres do engano

tomaram sempre ter este negócio 

como completo


espetáculo fatalista 

mundo ignóbil 

que num trago 

sublima a sua melancolia

sangue límpido que lá fora

continua tresandando a hipocrisia 

corrompendo 

nessa queda pela falsidade


devolvendo um gosto violento à vingança

em toda a sua essência








sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

think harder

think harder 


don't cure your head 

think harder 

don't raise your voice

think harder

nevermind the rumours they spread

think harder

democracy they say, is nothing but a fake illusion of choice

think harder

bleed the mind, to burst the ache

think harder

keep on falling under the same mistakes

think harder

cast the enochian keys, to seal the dimensions

think harder

further the climb, higher the fall

think harder

devoid of inheritance, outrageous perversions

think harder

a sun dance, held by magnificence

think harder 

amidst the haters, preach love

think harder

cold blooded war idols to raise the dove

think harder

a golden cow is sacred, find the valleys in the hidden earth

think harder

nothing is everything, yet they gave us a reality mutiny at birth

think harder

the meaning of it only is today, every day make it gain it's worth

think harder 

with heart's heavy as lead, mark words of love in the sand

think harder

from the roots to the top of trees, the bare fruit is peeled by this hands

think harder 

knock at the door, walk through fire at the devil's floor

think harder

astonished faces, chimed about an erotic secret to heal

harder as it may get 

from nothing 

all feverish traces are now reckoning new places to feel it


(...)

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

I, God

 “What is my joy if all hands, even the unclean can reach into it? What is my wisdom, if even the fools can dictate to me? What is my freedom, if all creatures, even the botched and the impotent are my masters? What is my life, if I am but to bow, to agree and to obey?


"I am done with this creed of corruption. I am done with the monster of "we"

"I see the face of God and I raise this god over the earth, this god whom men have sought since man came into being, this god who will grant them joy peace and price.

" This God is one word:

"I"