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quinta-feira, 1 de maio de 2025

sede de destino

sede de destino


miragem de penumbra
vertida 
na fronte de um alegre salteador 
figura abandonada nos destroços 
de uma cidade perdida

no templo libertino da memória, 
o tempo esquecido
exige sempre mais beleza.
mais desenvoltura, mais pureza.
mais candura

Inconfundíveis vitrais do tempo

entre fluxos de conhecimento, luz!
luz cega que nos reconheceu desde os céus repartidos de outono
uma luz que por vezes extingue-se, outras torna-se mais intensa
e onde desconhecemos se existirá repouso ou sofrimento.

num instante longo, o canto 
a que chamamos vida 

ninguém é de ninguém, somos rompantes 
excelsos habitantes 
apenas e só 
nas nossas cabeças flutuantes
desta imperfeita perfeição 
do cosmos 
sede de caos 
que renasce no domínio da percepção
sede de destino 
que indica à carne dócil
o caminho de volta ao seio materno 


é lúcida a brisa lá fora
fala me de ti 
e dessas vidas tão humanas, tão distintas
quando eloquentemente
falam diante dos espelhos
nuances esbatidas de outros Eu's


segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

no céu nocturno do pensamento / nietzsche

 No céu nocturno do pensamento,

onde as estrelas não estão fixas,

mas em constante movimento,

sento-me entre as tábuas quebradas

e renovadas promessas.

A velha canção do "bem" e do "mal" ecoa nos ventos,

desgastada,

sem brilho,

tesouro das bocas que repetem o que nunca foi seu.

Ah, o anseio pelo comum, pelo que todos conseguem consumir sem esforço – eis o veneno que obscurece a percepção dos criadores.


“(...) É preciso livrar-se do mau gosto de querer estar de acordo com muitos. "Bem" não é mais bem, quando aparece na boca do vizinho. E como poderia haver um "bem comum"? O termo se contradiz: o que pode ser comum sempre terá pouco valor. Em última instância, será como é e sempre foi: as grandes coisas ficam para os grandes, os abismos para os profundos, as branduras e os tremores para os subtis e, em resumo, as coisas raras para os raros.”

– Friedrich W. Nietzsche, em Além do Bem e do Mal: Prelúdio A Uma Filosofia do Futuro.

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

the skeleton's garden

 tell me 

who knows when heavens cry?

they know it

down there

in skeleton's garden


the key to a sanctuary

oblivion of figures

they lay

under the stones

silent, shred light on the emptiness


testimonial 

remains 

of the forgotten 


tell me, 

who knows

the difference

between wrong and right?

they know it

down there 

in skeleton's garden


domingo, 27 de outubro de 2024

dirty road blues


innocent liars 

bemusing, in the narrow notions of life

pitiful missionaries

seeking truth in lurch


 on thy search

over mountains, seas 

and bare naked valleys 

through forests, 

and birds among trees


lost shadows in the mob 

artifices of the wrong dreamer

drinking every time, 

desires with a secret tone

like dancing men 

with no remorse

a subtle surrender

to a single call 

they dance, they fall

in tender ruins 

of burned ages

that nature transcends


great satyr, 

dreams aloud our sound 

with pan's flute, a memory of the native lute

they keep follow him around

through mystic woods


away from sight 

a owl sings

 quietly 

in peaceful delight 


it reminds me 

long gone affairs

with the river daughters, 

descending the stairs

taking all our secrets away 

from here

further from this town 

further from this notion of steer


those vivid wounds of creation

are still alive 

in several different worlds

broken tools 

for the beckoning fools

memorabilia 

to reach again the child in you


it calls you in dreams

it calls you in death

to where ether in

strives with your silence

and her words 

would languidly 

drive us




the violin creations, appealing 

to the choirs 

the drums sets rhythm, through 

our isolation

all life urges, bringing the rain  

for the feast of the nation

where 

 insane wildness scores 



broken stain 

glasses 

of sacred houses, neighbors  

kept the cards away, games are now hidden

 under their tables

bravery squads of heroes, they bestow in cradles

sharing their fruits

to all our oppressed children

sábado, 26 de outubro de 2024

la dama de las flores

 

begotten in the vast arcades of times

she plays with grimes

she plays with animals at the trails

(...)


a nuisance in the heart 

began to beat 



quarta-feira, 23 de outubro de 2024

em breve

 Em breve,


dizem-me todos os astros

os espíritos

tornar-se-ão voláteis

quase intemporais

dentro do útero do tempo

sempre

um pouco mais além

do que toda a penumbra oceânica

onda celestial , harmonia tântrica

é o regressar do sonho

que se estende sempre pelas manhãs

ânsia pura

reescrita

nestes dias de espera

pela tua inefável presença.

na gaveta um escrito

límpida era a proscrita memória

num mundo mais pequeno, num lugar de que sentia falta

as paisagens do interstício

desdém que me condenava a alma


longínquo como o mundo

vago como as palavras dos deuses

a evocação deles, procuro-a em ti

para perder la de novo num segundo


eleva me esta divina força criativa

que cresceu da terra, mãe

de onde evocamos todos os espíritos

Ó êxtase, mergulha as mãos

na alba

cospe o fogo e verte

a saliente veia da noite,

a vidente augura-me

o teu retorno.

- em breve

será novamente manhã.