A edição de 2011 de Paredes de Coura foi qualquer coisa de especial. Durante os 3 dias que duraram a edição, podíamos alternar entre concertos do palco secundário que começavam pelas 15h00 e os do palco principal o facto é não havia uma única banda que se pudesse dizer que estavam ali para "encher chouriços". Quando começavam os concertos era tentar chegar o mais perto do palco possível, marcar o lugar. E depois, já não conseguias sair dali, porque as bandas eram realmente quase todas cativantes. Não me lembro de ter vivido mais algum festival assim, normalmente festivais temáticos, como o SonicBlast ou o Swr Barroselas, pecam por isso mesmo o que leva a alguma saturação com o passar das horas, naquele ano ali não. Isto numa altura em que estava muito mais por dentro da realidade rock indie, não deixaria de assistir a algumas revelações no palco secundário. Recordo me por isso de descobrir no mesmo dia Kurt Vile e Crystal Castles, só para citar alguns dos nomes. Kurt Vile parecia-me ter chegado Paredes de Coura com alguns 20 anos de atraso, transitando via Seattle capital da era do grunge, lembrava me por exemplo um Mark Lanegan mais novo, ainda nos Screaming Trees. Sempre pensei que ele viesse evoluir como algo parecido ao Mark, tal como achava que Mark ainda pudesse vir a tornar-se algo parecido a Tom Waits. Segui acompanhando a musica do Kurt desde esse dia. Crystal Castles nem por isso, perdi lhes completamente o rasto. No entanto o que ficou na memória do concerto deles, para além da inconstância frenética dos strobs, foi que a música eletrônica também consegue por vezes ter uma batida heavy, estranha, não sei definir. Mas foi assim o concerto, esquizofrênico, por causa das luzes, e ao mesmo com uma mistura de sensualidade mecânica e hipnotizante em que a voz e dança da cantora se mesclava com a batida electonica. Só que, para quem assistia em vez de dançar, por vezes parecia me mais propicia para headbanging. Não me lembro se teria fumado algo ou talvez bebido alguma bebida forte, não sei. Mas o concerto deles bateu me mais do que um shot ou um cocktail qualquer.