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terça-feira, 1 de julho de 2025

Henry Miller - Trópico de Cancer

Henry Miller também ele passou um período muito difícil em seus primórdios, quando decidiu acreditar em uma carreira como e se mudou para Paris, numa época em Pari ainda era o epicentro de todos os movimentos  artísticos. O contraste com o primeiro livro de Hemingway, também escrito em Paris e sensivelmente pela mesma altura ( Paris est une feste), é , na minha opinião, impressionante. Este também foi o seu primeiro romance, não tenho a certeza, mas ele só terá publicado um ensaio antes sobre o poeta francês Rimbaud, creio eu. 





sábado, 28 de junho de 2025

Vanishing Point

Ao contrário de Easy Rider (1969) ou Zabriskie Point (1970), Vanishing Point (1971) não marca a utopia de uma era, marca o fim dessa era.

A trágica viagem de Kowalski faz dele, de facto, aquele que desafia a autoridade e falha inevitavelmente.

Poderia ser vista igualmente como que a última viagem dos anos 60, num rumo definitivo à liberdade ou ao seu final.

Quentin Tarantino presta homenagem a este filme de culto com Death Proof (2007), fazendo do mesmo Dodge Challenger branco a estrela do seu próprio filme.





quinta-feira, 1 de maio de 2025

sede de destino

sede de destino


miragens de penumbra
vertidas 
na fronte de um alegre salteador 
figura abandonada nos destroços 
de uma cidade perdida

no templo libertino da memória, 
o tempo esquecido
exige sempre mais beleza.
mais desenvoltura, mais pureza.
mais candura

Inconfundíveis vitrais do tempo

entre fluxos de conhecimento, luz!
luz cega que nos reconheceu desde os céus repartidos de outono
uma luz que por vezes extingue-se, outras torna-se mais intensa
e onde desconhecemos se existirá repouso ou sofrimento.

num instante longo, o canto 
a que chamamos vida 

ninguém é de ninguém, somos rompantes 
e excelsos habitantes 
apenas e só 
nas nossas cabeças flutuantes
desta imperfeita perfeição 
do cosmos 
sede de caos 
que renasce no domínio da percepção
sede de destino 
que indica à carne dócil
o caminho de volta ao seio materno 


é lúcida a brisa lá fora
fala me de ti 
e dessas vidas tão humanas, tão distintas
quando eloquentemente
falam diante dos espelhos
nuances esbatidas de outros Eu's


segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

no céu nocturno do pensamento / nietzsche

 No céu nocturno do pensamento,

onde as estrelas não estão fixas,

mas em constante movimento,

sento-me entre as tábuas quebradas

e renovadas promessas.

A velha canção do "bem" e do "mal" ecoa nos ventos,

desgastada,

sem brilho,

tesouro das bocas que repetem o que nunca foi seu.

Ah, o anseio pelo comum, pelo que todos conseguem consumir sem esforço – eis o veneno que obscurece a percepção dos criadores.


“(...) É preciso livrar-se do mau gosto de querer estar de acordo com muitos. "Bem" não é mais bem, quando aparece na boca do vizinho. E como poderia haver um "bem comum"? O termo se contradiz: o que pode ser comum sempre terá pouco valor. Em última instância, será como é e sempre foi: as grandes coisas ficam para os grandes, os abismos para os profundos, as branduras e os tremores para os subtis e, em resumo, as coisas raras para os raros.”

– Friedrich W. Nietzsche, em Além do Bem e do Mal: Prelúdio A Uma Filosofia do Futuro.

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

the skeleton's garden

 tell me 

who knows when heavens cry?

they know it

down there

in skeleton's garden


the key to a sanctuary

oblivion of figures

they lay

under the stones

silent, shred light on the emptiness


testimonial 

remains 

of the forgotten 


tell me, 

who knows

the difference

between wrong and right?

they know it

down there 

in skeleton's garden


sexta-feira, 15 de novembro de 2024

lobos lusitanos

A minha primeira guitarra acústica foi me emprestada por um amigo chamado Lígio (que chegou a fazer parte de um banda de Silves chamada Teasanna Satanna) e seria com ele e com um outro tipo que costumávamos tratar pela alcunha de "Barba" (curiosamente o seu irmão mais novo era o "Barbicha") eu tinha o hábito de levar um pequeno gravador portátil comigo e lembro me particularmente de uma sessão de improvisos em que tivemos sentados com as acústicas na mata junto à vila de Odiàxere

Talvez influenciado pelos noruegueses Ulver daria a essa nossa sessão e ao posterior "projecto" em si o nome piroso/ pomposo de Lobos Lusitanos. A nossa influencia era muito derivada da mitologia celta/ pagã e das lendas tradicionais do Algarve. 
Tanto que tentamos desenvolver igualmente uma Fanzine a que demos o nome de "Myth Zine". A ideia desta zine era de tentarmos compilar algumas dessas lendas e juntarmos a isso artigos com entrevistas e reviews a algumas bandas underground que íamos conhecendo aos poucos nessa altura, durante anos cheguei a trocar correspondência com bandas de todos os lados. 

Desde sei lá, Israel, Colômbia, Bélgica, Polónia, Brasil, Espanha, etc

Durante muito tempo nunca me considerei nem "músico", nem "poeta", ou "fotografo" ou o quer que seja...talvez nunca tenha passado de um eterno "projecto de" em que me terá faltado sempre algo mais. Diria dinheiro principalmente, mas também alguma disciplina, o eterno síndrome de querer fazer mil e coisas ao mesmo e acabar por não fazer nada. Mas verdade é que ando já muito a pensar corrigir todas estas lacunas e gostaria por exemplo de voltar a tocar baixo numa banda. Recordo me sempre do Sr. Willem ter me emprestado o baixo Tobias para ensaiar algumas vezes e se bem me lembro ele só teria  começado a tocar depois dos 50. 
Pode ser que um dia ainda consiga tocar Bossa Nova em vez de Black Metal
Há sempre aquele tipo de coisas que gostaríamos de poder fazer mais regularmente na vida, há quem gostasse por exemplo de ir até à "Grande Muralha da China" eu pessoalmente preferia poder voltar a ter 15 anos para poder tocar música a sério.
Quando mudei-me da casa no Algarve passei montes de tempo a revisitar algumas k7's antigas com um leitor que adquiri de propósito há pouco tempo. Acabei por descobrir algumas destas gravações, recordei muita palhaçada, muita risada à mistura mas acabei por descobrir também algumas dessas gravações que fazia sozinho. Parecia ser tudo muito mais simples, pois havia muito mais imaginação para se fazer coisas com poucos meios, recordo me até de por uma k7 a tocar o mesmo riff repetitivamente durante vários minutos na aparelhagem stereo enquanto improvisava por cima com voz, sem micro, sem nada...cheguei a ter um pequeno teclado midi ou com a viola acústica (não tinha elétrica na altura).Depois com o gravador portátil gravava todo o tipo de sons e compilava. O som do elevador, os passos nas ruas, colocava dentro de um bidão e tocava percussão por cima, no mato improvisávamos cânticos, mas um dos meus sítios predilectos para gravar era debaixo da ponte dos comboios. Quando o comboio passava por cima das nossas cabeças.
Nunca percebi no entanto nada de programas de gravação e aliás na altura nem sequer tinha computador. 
E mesmo mais tarde continuei sem perceber.
Era tudo feito de uma forma bastante tosca.




Segundo a tradição do folclore ibérico, uma pessoa pode transformar-se num homem lobo através de uma maldição lançada por um dos seus progenitores.
 A pessoa afetada por este tipo de licantropia é chamada assim de "lobo da xente" e é condenada a vaguear indeterminadamente, assassinando outras pessoas.