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segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

no céu nocturno do pensamento / nietzsche

 No céu nocturno do pensamento,

onde as estrelas não estão fixas,

mas em constante movimento,

sento-me entre as tábuas quebradas

e renovadas promessas.

A velha canção do "bem" e do "mal" ecoa nos ventos,

desgastada,

sem brilho,

tesouro das bocas que repetem o que nunca foi seu.

Ah, o anseio pelo comum, pelo que todos conseguem consumir sem esforço – eis o veneno que obscurece a percepção dos criadores.


“(...) É preciso livrar-se do mau gosto de querer estar de acordo com muitos. "Bem" não é mais bem, quando aparece na boca do vizinho. E como poderia haver um "bem comum"? O termo se contradiz: o que pode ser comum sempre terá pouco valor. Em última instância, será como é e sempre foi: as grandes coisas ficam para os grandes, os abismos para os profundos, as branduras e os tremores para os subtis e, em resumo, as coisas raras para os raros.”

– Friedrich W. Nietzsche, em Além do Bem e do Mal: Prelúdio A Uma Filosofia do Futuro.

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

the skeleton's garden

 tell me 

who knows when heavens cry?

they know it

down there

in skeleton's garden


the key to a sanctuary

oblivion of figures

they lay

under the stones

silent, shred light on the emptiness


testimonial 

remains 

of the forgotten 


tell me, 

who knows

the difference

between wrong and right?

they know it

down there 

in skeleton's garden


domingo, 27 de outubro de 2024

this dirty road blues

innocent liars 

bemusing, in the narrow notions of life

pitiful missionaries

seeking their truth in lurch


the devil's bargain, at the crossroads

suppressed fatal fire,

a flame that takes you higher

 

on thy search

over mountains, seas 

and bare naked valleys 

through forests, and birds among trees



the artifice

of the wrong dreamer

drinking every time, desires with a secret tone

like a dancing man 

with no remorse

a subtle surrender

to a single call 

they dance, they fall

in tender ruins 

of burned ages

that nature transcends



great satyr, 

dreamed aloud the sound 

- with pan's flute, a memory of the native lute

 they will keep follow him around

through mystic woods


away from sight 

a owl quietly still sings


it reminds me 

long gone affairs

with river daughters, descending the stairs

taking all our secrets away from here 

further from this town 

further from this notion of steer



mesmerizing cinders

through vivid wounds of creation

it calls you in death

it calls you in dreams

to where ether 

in silence strives 

and her words 

languidly drive us



the violin creations, appealing to the choirs 

the drums sets the rhythms, through isolation

and life urges, bringing the rain for the feast of the nation

while the wildness scores 



breaking stained glasses 

of sacred houses, neighbors  

keep their cards away, games are now hidden under the tables

bravery squads of heroes, they bestow in cradles

sharing their fruits

to all oppressed children

sábado, 26 de outubro de 2024

la dama de las flores

 

begotten in the vast arcades of times

she plays with grimes

she plays with animals at the trails

(...)

dazzling veils of rain

a nuisance in the heart 

began to beat 



quarta-feira, 23 de outubro de 2024

em breve

 Em breve,


dizem-me todos os astros

os espíritos

tornar-se-ão voláteis

quase intemporais

dentro do útero do tempo

sempre

um pouco mais além

do que toda a penumbra oceânica

onda celestial , harmonia tântrica

é o regressar do sonho

que se estende sempre pelas manhãs

ânsia pura

reescrita

nestes dias de espera

pela tua inefável presença.

na gaveta um escrito

límpida a memória proscrita

num mundo mais pequeno, num lugar que sentia falta

as paisagens do interstício

um desdém que me condenava a alma


longínquo como o mundo

vago como as palavras dos deuses

a evocação deles, procuro-a em ti

para perder la de novo num segundo


eleva me esta divina força criativa

que cresceu da terra, mãe

de onde evocamos todos os espíritos

Ó êxtase, mergulha as mãos

na alba

cospe o fogo e verte

a saliente veia da noite,

a vidente augura-me

o teu retorno.

- em breve

será novamente manhã.

domingo, 8 de setembro de 2024

diários de bordo - memórias alentejanas

 


Quando era miúdo sonhava em ser futebolista. 
E qual não foi o miúdo, hoje graúdo, que não tenha tido esse sonho? 
Mas não sonhava em marcar golos, nem fazer jogadas de levantar estádios. 
Sonhava antes com grandes voos planados, sonhava em ser guarda redes e relembro-me do quanto vibrei ao ganhar o meu primeiro par de luvas, as mais baratas das que haviam na loja claro está, pois para o meu pai eram para serem gastas entre os jogos de putos de rua, os tais em que paus e pedras servem sempre como postes de baliza. 

Há pouco tempo atrás, enquanto ajudava a minha família nas vindimas anuais da nossa pequena quinta no Alentejo apercebi-me que o meu pai ostentava o meu boné de outrora cuja existência tinha-me esquecido por completo nesse momento retirei-o da sua cabeça de imediato e procurei em vão pelos sinais das assinaturas que os jogadores do Sporting tinham me dado por alturas de um jogo particular no Algarve. 
Num flashback instantâneo recordei-me desses momentos de infância, e com um sorriso nos lábios tornei a colocar o boné, bem no alto da sua cabeça. 
Relembro este episódio hoje, simplesmente porque ao longo dos anos esta crença sportinguista e principalmente esta minha crença pelo futebol como um desporto de competição íntegro e honesto terá começado igualmente a desbotar lentamente da mesma forma que todas essas assinaturas. 
Relembro-o também pelas saudades das "jogatanas" que eu e todo os restantes miúdos costumávamos ter no campo pelado perto de casa durante o Verão depois das incursões clandestinas até à barragem, sempre em finais de tarde quando a temperatura se tornava mais amena e suportável. 
Enfim, Também são saudades do desporto escolar, dos treinos após as aulas e de fazer desporto em geral. 
O Futebol e o Karaté foram os únicos desportos que alguma vez pratiquei.

*Obrigado Ruben Amorim, por ter ajudado a colocar este clube a um nível que nunca teria sequer imaginado ser possível chegar, sem "vitórias morais"," desculpas de coitadinhos" etc.
 

sábado, 17 de agosto de 2024

O nosso destino

 O nosso destino 

vagamente vivido
nos perfumes do teu sol
entre um olhar atónito, 
nos dias esquecidos
apenas com a estação de rádio 
tocando toda a musica negra, o jazz 
flutuante 
inofensivo e constante
a voz rasgava o silêncio
e se dissolvia nos acordes.

viciados na curva melódica
que acomodava as palavras.

 - tempo que sempre exige beleza.

Inconfundível vitral do tempo
fluxos de conhecimento, luz!
luz cega que se reconhece nos céus repartidos de outono
luz que por vezes se extingue, outras vezes se torna mais intensa
e onde desconheces se existirá repouso ou sofrimento.

Num instante longo, num olhar curvado
vestidos de ninguém, nas nossas cabeças flutuantes
por aqui não existem mais inimigos, na perfeição do cosmos
o caos renasce

Recortei palavras 
do teu diário de outrora
recitei os verbos que me revestiram 
com o teu fantasma
quimono da minha identidade solitária
é lucida a brisa lá fora
fala me de ti 
e dessas vidas humanas tão distintas
quando tão eloquentemente
falam diante dos espelhos
nuances esbatidas de outros Eu's


O nosso destino, 
que me roubou horas
à luz 
na beleza nupcial da noite
as lúgubres horas
que me brindavam
com o erotismo ancião
de todo o teu acervo de prazeres

e que não deixou esquecer 
as minhas mãos
deambulantes
pelos teus cabelos molhados
tudo descrito no teu livro das memórias 
de que nunca te quiseste separar
e que todos os dias
guardavas 
na tua mala de cabedal.



(o adeus a ziggy) 

- o homem que veio do espaço partiu…

uma nova estrela polar 
cadente
Órion transcendente

confundindo todas as Plêiades
por uma vez mais 

com aquela canção - pedra poema  
a benção entre terras de conflitos
que resgatava
a nós
todos os seus crentes
ao anoitecer

ao magro duque branco
que nos observa agora
desse seu novo Éden 
peço-lhe apenas
tragam-nos de volta a este mundo 
toda a nossa família
tragam-nos de volta a este mundo 
todos os nossos elos de ligação.

Volta depressa Ziggy...
...estás perdoado.


* p.s estou realmente cansado de mal entendidos e confusões daí querer explicar o significado da minha ultima frase. 
O meu falecido tio, que curiosamente foi quem viveu primeiro neste sitio onde estou a viver agora, terá sido igualmente uma das pessoas que mais terá contribuído para despertar o bichinho da música em mim.
 Para além de ter sido colecionador de vinyl. 
O que ajudar-me-ia igualmente a despertar para a beleza do colecionismo dos mesmos.
Algumas das suas frases foram permanecendo no baú de tenras memórias da criança que fui. 
Ele adorava por exemplo os Queen (sem deixar por isso de ter casado e ter tido 2 filhos) e um dia contou me como que depois do falecimento do Freddy, um programa de rádio local lançou um concurso de frases em sua homenagem e ele tentou participar nesse mesmo concurso com a seguinte frase.
" Volta rápido Freddy...estás perdoado." 
Por algum motivo isto ficou me na cabeça

* p.s 2 na altura que escrevi estas palavras alguns dos músicos e personalidades que admirava tendiam a desaparecer rapidamente e por isso fazia sentido...agora que alguns dos meus familiares começaram igualmente a deixar este mundo(entre eles o meu já referido tio) já não sinto mais a necessidade de dar esse "grito" apenas uma total falta de identificação com a maioria das ditas" rock stars" nos dias que correm. 
Muitas vezes pelos ares "strictly business" entediantes que aparentam ter e com isso a aparente falta de humanismo. 
Podia dizer-se que o Kurt foi o ultimo, mas tantos têm caído depois...Layne Staley, Chris Cornell,Mark Lanegan, Jeff Buckley, Eliott Smith isto já para não falar do Mark Sandman,do Pete Steele, do Lemmy, o próprio David Bowie, Lou Reed ou Leonard Cohen. 
all this one of a kind of beautiful humans and artists which are now surely missed in this world more than ever.