Paris, centro nostálgico, lar de todos os gatos siameses.
Dos vagabundos e dos olhares sedutores de damas cujos suspiros levianos são enigmas na perdição da noite.
Nunca deixou de acreditar em tudo o que os mistérios lhe designavam pelas horas sagradas. Engenho meteórico de pesadelos invisíveis à revelia de uma luz esguia.
Procurando junto de todos os seus semelhantes viver outras histórias dignas de serem relatadas, visões resplandecentes, uma conexão infinita na demanda por um ser justo mas igualmente capaz de dar ao sonho um outro valor, uma outra benesse. Todos os que vivem a híbrida intelectualidade em que mapas são traçados por uma vida sem facilidades mas ao mesmo tempo sem lugares comuns ou tempos mortos.
Todas as conversas por vezes eram difíceis de se acompanhar, podia-se até dizer que tentavam sempre à maneira típica do romantismo atingir toda a pureza de espírito dos “bons selvagens” estando por isso dispostos a abdicar das respectivas famílias e de todas as leis laborais para assim preservarem a toda a sua genuinidade.
Rejuvenesceram ao fazer amor com os anjos, mas era apenas e só do desgosto que seguiam procriando.
Seriam talvez os únicos a não ficar indiferentes à mudança das estações quando a frescura da primavera finalmente chegava.
Vivendo sonhos de uma nobreza mística que desordenadamente se perdiam entre o caos dos vícios e das paixões.
"Tu le connais, lecteur, ce monstre délicat hypocrite lecteur, — mon semblable, — mon frère!"
"People are strange when you're a stranger; faces look ugly when you're alone..."
A musa, que, num simples cortejo dos ventos estava sempre presente, simbolismo da nossa obscura imaginação, deusa que no coração desta sociedade incentiva sempre o nosso regresso a toda essa liberdade de origens, ao reviver de vidas de grande autores que outrora por ali também tinham estado presentes.
Não era a Mona Lisa, talvez lembrasse antes com o raiar da aurora Jeanne Hébuterne vista de perfil qual um busto de mulher serena, aprontando-se para seduzir.
Como exteriorizar todas as vozes do nosso desgosto
numa vivencia obscura implorar loucura,
nas noites em que nos é servida por pajens loucos
a sombra dos teus dedos pela minha pele
incestuosa irmã da morte,
torpe revelação do além, que não escondeu a sua sorte
o doce murmúrio da manhã.
depois de teres escutado toda a verdade incompressível
dos mitos
nenhuma voz te deixará mais fraquejar
num encadear de corpos
a luz, continuava a demarcar o território
que continuamente era seguido
por todas as estreitas passagens
sur le ciel de paris
(sigamos brindando à vida boémia dos anjos)
Que hoje te lembres finalmente quem és.
Ou serás tu, um mero pragmatismo mais
dos sem fé
nos dias de hoje?!
Derrick Nightingale (qui est-vous?!!)
o olhar vazio do músico de rua anuncia as confidências que em breve este irá começar a cantar ao luar