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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

a prayer to a rock 'n roll heart



    gently,
the fire turns
through the void 
the beast crawls
through the soil
I'll love you,
I'll hate you
I'll dance
while this record is playing
humming sounds of sin 
that feeds the fire within 
our rock 'n roll hearts.
hedonistic seraph,
moving her lips to me
in all pictures black & white
standing naked
in our garden of delights
defiance
is the only truth
the reality trigger, 
that diggers
through mud 
and insanity
castrating and tempting 
at the same time
through endless accords, by truth enforced 
the blessed ones now will hear it 
in our minus chords,
all the passion
built in mysterious crafts,
the blue notes within 
the heresy of sound
sets now the fire
through this holy ground.

making love
to invoke the muse
a prayer to our rock'n roll hearts.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Recomendação cinematográfica V - Eternal sunshine of the spotless mind

 


 Quando Anabela Moutinho, do Cineclube de Faro, durante a apresentação do filme de Michel Gondry referiu-se ao mesmo como "uma das mais belas histórias de amor do cinema" pensei que tal afirmação só poderia ser exagerada e inflacionada pela ocasião. Depois da sessão percebi o porquê.
Com um argumento escrito pelo singular Charlie Kaufman este filme não é mais que uma bela metáfora da natureza do amor, de como este é construído durante anos de intimidade e de como nos completamos através da presença de uma outra pessoa nas nossas vidas. Quando Joel (Jim Carrey) resolve imitar Clementine (Kate Winslet) e "apagar-la" da sua memória não é só ele que se arrepende de tal decisão, Clementine (pre)sente a falta da peça que era Joel na sua existência, compreendendo que de facto só nos sentiremos completos através do olhar dessa pessoa amada. A forma como ambos tentam sobreviver aos "apagadores de memória" é de uma beleza comovente e verdadeiramente singular nunca antes vista em cinema. Destaco também o papel de Kate Winslet que lhe valeria um Óscar, sem dúvida justo pois foi do melhor que já lhe vi fazer.
 
De referir que fiquei durante dias com a música de Beck na cabeça.















segunda-feira, 14 de março de 2011

Diários de bordo - Porto

Jardins da Cordoaria – Porto 


Anoitece rapidamente. 

De novo entregue às ruas da cidade, ouvindo pessoas em grupos que começam a povoar lentamente todos os bares em redor dos jardins. 
Sem nenhuns argumentos para agradar ninguém, sigo só com a minha destreza e um amor de outra mulher,um dia cuidarei de ti maria prometo...tu promete me que um dia podemos recomeçar tudo de novo... por sua vez a indiferença premeia o esquecimento de quem se dizia amigo, o vento sobre as folhas das árvores sopra mais forte..as mãos e os pés fugiam...a febre balbucia a dor de estar vivo em tudo o que havia de mais disperso, o absurdo de viver na interna convulsão da sua ausência. 
Sento-me junto à estátua de um nobre António e bebo esta garrafa de vinho por não ser mais capaz de descrever um silêncio inteiro. 
Tento procurar assim nos néctares de ambrósia todas as verdades semi cerradas com que apenas ousamos sonhar.
Hajam sonhos para que a alma subsista.
E a alba,verbo incólume do desejo, doce esperança que nos levará além da morte.

“no fun,no fun to be all by myself ”…


Tentava assim esquecer a certeza de um frio invernoso entre ritmos que antecipavam a grande festa do fim de ano. 
Espera-se uma vez mais que com todo o explodir orgiástico das garrafas de champanhe, dos fogos de artifício e das resoluções de ano novo surja então uma outra forma de felicidade, mais sorridente e sincera.










Alambiques 
destilando as nossas histórias,
esculpindo memórias
entre cânticos de júbilo
perguntávamos às tempestades
perguntávamos a toda a gente
se seria perfeita e apurada 
toda a nossa medida
se era devidamente 
fermentada
  pelos frémitos da insensatez.


Percorremos veredas
soltando as bridas,
contemplamos bailarinas
dançando entre vitrinas 
era a pantomima
em que se enumera 
o selecto bestiário.

Sempre foi fácil
ceder à tentação, de percorrer labirintos
pela ânsia de imitação
de todos os deuses
e como singelo peregrino
depois 
cantar de novo 
a eles 
e a todos 
os amantes sazonais





quarta-feira, 2 de março de 2011

Sringara

  




Dance with me - my delightful queen
your boughs 
of bard
are nests 
for homeless birds
and your tender whisper
keeps luring 
lost wandering souls.

Dance with me -my secret epiphany
chinese folios
are signs in the trees
the way to her
the way 
to Jeanne of Orleans


the homeless
will keep following you
while you
holding a golden tiara
in you hair
and purple diamonds
in your breasts
in your land of gardenias
you'll rise 
again


dancing
on the edge
of my fantasies
all dressed in sari
you hold the key
to an hidden memory
restless doves
gathering
like in an ancient tale
as we hear krishna's flute
and recall
promises 
carved in ebony






sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

janela com vista para o mar


                                        * Salvador Dali


Estavas órfã de mim
e eu sedento de ti
na permuta dos desejos
encostaste a tua boca na minha
na respiração sustida,
és a cara de anjo amuada
no close-up do teu flanco.

"I lit my purest candle,
close to my window..."

Por detrás da cortina
indiscretamente,
num olhar visionário
trocamos por fim palavras
no silêncio de todas as nossas ilusões.


escuto-te
perante toda
a cinemática paisagem
do amanhã
na hora de acordar
(para de novo contigo adormecer)

Abraçando
violentamente
a oculta opulência da vida
rogamos aos paxás
por novos dias
o regozijo de compreender
tudo o que dantes nos assustava,
corcel divino da fantasia
ansiando por verões índios, 
em céus sem nuvens
tudo se condensa numa multidão
não repitamos a procissão 
ouviste a voz, que nos avisa  

- nessa viagem breve e ocasional dos espíritos.


signs & sounds of a sweet delusion



   





From 
this shattered images
I now write a prayer 
to which I denounce 
my quest for delight
and reclaim
the lost procession
purity and romance
lust 
 and obsession
visions in blue
through 
a mystic nature 
in trance

 a new morning mist,
like a reveille

And yet, 
what does it reveals?...
A path through the wilderness
that seals this magic script

- signs and
sounds
   of a sweet delusion    


love 
in the heart 
of a deer
is brought to me 
through
golden winged 
messengers
 
- signs and 
sounds
of a sweet delusion







quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

abismos









i

fiz de novo as rimas
com as ruínas 
da infância
e entreguei todo os diamantes 
à terra que me deu de comer
provei
o espesso licor
de encantos
pela intermitência das tempestades
na noite dos desencantos,
a outra face da lua
deixará sempre a sua marca.

E se anseio,
clamo o teu nome.
E se digo não,
a minha consciência sangra.
Serei teu vampiro 
com as presas da agonia
cravadas na recusa do teu pescoço.
Serei escravo em ti medusa,
com todos os meus pesadelos 
transformados em pedra.

Para acordar
do simples espanto
em que habito,
fumo então
de janela aberta
na esperança que o esquecimento
te leve para bem longe de mim.


ii

A desdita fonte 
que secou no Inverno,
e que nenhumas palavras
conseguem redimir.
A vaga promessa,
desfraldada
na luxúria de um adeus
e na destreza
com que tornam
a vestir as roupas.

Enveredando 
entre manhãs distintas,
entregavam-se assim de novo 
à solidão.

iii

Violinos subterrâneos
incendeiam-nos todos os rostos da memória.
na era dos deuses individuais
o pathos distante
no caos 
que emerge 
por todas as orlas destas ruas.

E a multidão,
sempre 
que o ritual se repete
segue procurando 
por verdades escondidas 
debaixo de um copo.

Na rua do velho taberneiro
sentar-me-ei de novo
absorvendo à distância
o aroma a decadência
ou talvez apenas a dança
que desprende a voluptuosidade
do arrebatamento colectivo.

flutuante pelo caminho
segue
as tochas acesas
te espero
na avidez
que nos levará a galope até à cidade
onde deveríamos sempre voltar.

A nossa cidade.

O frémito do abismo cresce de novo
pelas memórias
de uma despedida 
desaparecendo lentamente no limiar 
de um mar cor-de-vinho.

Na raiz 
da noite humana
anseio sempre, pelo incendiar 
que alumia 
no negro das palavras.


“And those who were seen dancing were thought to be insane by those who could not hear the music.    
Friedrich Nietzsche