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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

uma loucura transitória / les enfants terribles/prometheus



descrevo-as
todas as dúbias vozes
da nossa 
mais obscura imaginação

esse beijo de judas
que como uma voz clamava

memoriais de província
nos gracejos dos inadaptados 
o suplicio de poder sonhar hoje
em detrimento do sobreviver ao amanhã

a beatles song 
will again save the world

breve, breve
como um passo determinado 
para o abismo
aragem leve do deserto
que cresce na nossa fantasia 
com a poesia ébria do esquecimento
indiferente, 
por aqui
a terra 
ainda nos esperava

tempo sacrificado,
mais além - de um momento por chegar
transcendendo crepúsculos santificados
os ventos perscrutam pensamentos
duas vidas indefinidas,
que de novo se entrecruzam
na ressonância mística 
do agrilhoado
às suas memorias que ardem 
.

descrevo-as
todas estas assombrações
únicas e imperscrutáveis, 
de porta em porta
sombras passageiras
desta latente
desolação.

através 
de um ritmo
tempestuoso,
entre frases embargadas de abismo
o mensageiro tentava vislumbrar
o ensinamento arcaico do tempo

anjos revoltosos 
seguem nos
é pela reminiscência
dos corpos vertiginosos
que nascem 
todas as nossas revoluções. 

escuto-a
voz de uma outra voz
sem fazer juras de nada, apenas na força do amor 
toda a ânsia de construir 
um novo abrigo no teu corpo
além desta dor



les enfants terribles 

respirações ofegantes, 
sorrisos provocadores
juntos projetavam planos para assaltar a noite
juízes de ideais 
despidos de valores
uma juventude elegante
com o trago estúpido, no balançar
de quem tudo fazia 
impacientemente

carreiro que se perdeu 
antes de desditas revoluções
prece que se ergueu 
contra a insignificância das suas figurações
amigos do alheio, ilustres estandartes de mais uma ilusão
cidades em chamas, consumindo se no caos
 - e as presas mordiam lhe a carne
carne fresca e imponente

Prometheus

Prometheus 
terá prometido
um dia aqui regressar
para ensinar nos
a escapar das sombras
invertendo as marés.


Prometheus 
viveu da partilha
do fogo proibido aos mortais
o sangue ardente 
seguia correndo 
pelas nossas veias
como afluentes
de lava

na conjura
em que se sobrevive, 
Prometheus é o vilão
que se ergue 
contra toda a tirania
trazendo consigo 
as reverberações
que se elevam 
pelas florestas do imaginário
 
é como uma flor que sangra
todo o venenoso âmago 
da loucura.














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