O nosso destino
vagamente vivido
nos perfumes do teu sol
entre um olhar atónito,
nos dias esquecidos
apenas com a estação de rádio
tocando toda a musica negra, o jazz
flutuante
inofensivo e constante
a voz rasgava o silêncio
e se dissolvia nos acordes.
viciados na curva melódica
que acomodava as palavras.
- tempo que sempre exige beleza.
Inconfundível vitral do tempo
fluxos de conhecimento, luz!
luz cega que se reconhece nos céus repartidos de outono
luz que por vezes se extingue, outras vezes se torna mais intensa
e onde desconheces se existirá repouso ou sofrimento.
Num instante longo, num olhar curvado
vestidos de ninguém, nas nossas cabeças flutuantes
por aqui não existem mais inimigos, na perfeição do cosmos
o caos renasce
Recortei palavras
do teu diário de outrora
recitei os verbos que me revestiram
com o teu fantasma
quimono da minha identidade solitária
é lucida a brisa lá fora
fala me de ti
e dessas vidas humanas tão distintas
quando tão eloquentemente
falam diante dos espelhos
nuances esbatidas de outros Eu's
O nosso destino,
que me roubou horas
à luz
que me roubou horas
à luz
na beleza nupcial da noite
as lúgubres horas
que me brindavam
com o erotismo ancião
de todo o teu acervo de prazeres
e que não deixou esquecer
as minhas mãos
deambulantes
pelos teus cabelos molhados
tudo descrito no teu livro das memórias
de que nunca te quiseste separar
de que nunca te quiseste separar
e que todos os dias
guardavas
guardavas
na tua mala de cabedal.
(o adeus a ziggy)
- o homem que veio do espaço partiu…
uma nova estrela polar
cadente
Órion transcendente
confundindo todas as Plêiades
por uma vez mais
com aquela canção - pedra poema
a benção entre terras de conflitos
que resgatava
a nós
todos os seus crentes
ao anoitecer
ao anoitecer
ao magro duque branco
que nos observa agora
desse seu novo Éden
peço-lhe apenas
tragam-nos de volta a este mundo
toda a nossa família
tragam-nos de volta a este mundo
todos os nossos elos de ligação.
Volta depressa Ziggy...
...estás perdoado.
* p.s estou realmente cansado de mal entendidos e confusões daí querer explicar o significado da minha ultima frase.
O meu falecido tio, que curiosamente foi quem viveu primeiro neste sitio onde estou a viver agora, terá sido igualmente uma das pessoas que mais terá contribuído para despertar o bichinho da música em mim.
Para além de ter sido colecionador de vinyl.
O que ajudar-me-ia igualmente a despertar para a beleza do colecionismo dos mesmos.
Algumas das suas frases foram permanecendo no baú de tenras memórias da criança que fui.
Ele adorava por exemplo os Queen (sem deixar por isso de ter casado e ter tido 2 filhos) e um dia contou me como que depois do falecimento do Freddy, um programa de rádio local lançou um concurso de frases em sua homenagem e ele tentou participar nesse mesmo concurso com a seguinte frase.
" Volta rápido Freddy...estás perdoado."
Por algum motivo isto ficou me na cabeça
* p.s 2 na altura que escrevi estas palavras alguns dos músicos e personalidades que admirava tendiam a desaparecer rapidamente e por isso fazia sentido...agora que alguns dos meus familiares começaram igualmente a deixar este mundo(entre eles o meu já referido tio) já não sinto mais a necessidade de dar esse "grito" apenas uma total falta de identificação com a maioria das ditas" rock stars" nos dias que correm.
Muitas vezes pelos ares "strictly business" entediantes que aparentam ter e com isso a aparente falta de humanismo.
Podia dizer-se que o Kurt foi o ultimo, mas tantos têm caído depois...Layne Staley, Chris Cornell,Mark Lanegan, Jeff Buckley, Eliott Smith isto já para não falar do Mark Sandman,do Pete Steele, do Lemmy, o próprio David Bowie, Lou Reed ou Leonard Cohen.
all this one of a kind of beautiful humans and artists which are now surely missed in this world more than ever.
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