Lembro me que até já conhecia Maiden e AC/DC mas no verão que conheci os Metallica foi quando pensei realmente em tornar me "metaleiro". Nunca tinha conhecido nenhum por isso resolvi apenas tentar imitar los.
Os 4 Cavaleiros do Apocalipse do Kill em All, tinham amadurecido e no meio daquela vestimenta preta, havia a crença de representar o luto pelo seu baixista e a meu ver maior génio criativo. Quando os conheci tinham um "Album Negro".
E vestiam se de negro.
Achava os por tudo isso os tipos mais rebeldes do mundo.
Quando voltei às aulas no ano seguinte vesti também umas calças justas e uma camisola preta . Apenas é só preta. Pulseira de cabedal e o típico cabelinho "à fodasse", para utilizar outra expressão muito anos 90. Lembro me bem de um colega que tinha transitado do ano anterior vir perguntar me com ar de espanto "então mas tu agora és metálico?"(sim pq naquela altura muitos ainda usavam a expressão "metálico"...metaleiro é só coisa de sec XXI) Ao que eu, com orgulho e de peito inchado respondi-lhe "sou". Havia algum escárnio na forma como esse mesmo colega fazia me essa pergunta e sinceramente eu não queria nem saber. Usei essa camisola com orgulho, tal como disse, fui a todo o tipo de festivais, conheci um número razoável de pessoas não só do metal, mas também do punk, do reggae etc. Troquei correspondência com pessoas de vários países, desde Grécia, Brasil, Israel. Um dia farei aqui uma compilação dessas entrevistas para o projecto "Myth Zine" que nunca chegaram a ser publicadas. E até pelo menos aos meus 18, 19 anos fui de facto um "metálico" de corpo e alma. Mas isto foi até começarem a surgirem as primeiras diferenças. Os primeiros interesses musicais fora do metal, as primeiras divergências políticas, tudo parecia motivo para a discórdia . Os mais rebeldes revelavam se cada dia paradoxalmente aos meus olhos tão ou mais conservadores do que quaisquer outras pessoas que na altura conhecia. E quando desisti das bandas resolvi assim dar esse capítulo como finalizado, resolve despir essa camisola de "metálico" de uma forma radical.
Peguei em vários sacos com k7s, demos, fanzines, etc e desatei a oferecer tudo ao desbarato. Nem me preocupei em vender...apenas desejava um corte radical com tudo.
Acho que foi a única vez na vida que disse com orgulho, pertenço "a algo", de resto nem metaleiro, nem satânico, nem cristão, nem hare khrisna, nem punk, nem nazi, nem comunista.
Eu sou eu, só isso, amálgama de vários interesses.
Vivi sete vidas diferentes no entretanto.
E ao meu ver, há malta daquele tempo que ainda continua a ver tudo a preto e branco.
A música e a vida, para mim, de certo modo é um pouco como o alimento da alma.
De vez em quando são necessários outros nutrientes, saladas, frutas etc.
Henry Miller também passou por um período muito difícil em seus primórdios, quando decidiu acreditar em uma carreira como escritor quando se mudou para Paris, numa época em Paris ainda era o epicentro de todos os movimentos artísticos.
O contraste com o primeiro livro de Hemingway, cuja trama se passa igualmente em Paris (Paris est une feste) e sensivelmente escrito na mesma altura, é ,na minha opinião, impressionante.
Este foi também o seu primeiro romance, afirmo-o sem certezas, mas só terá publicado antes um ensaio sobre o poeta francês Rimbaud, creio eu.
Ao contrário de Easy Rider (1969) ou Zabriskie Point (1970), Vanishing Point (1971) não marca a utopia de uma era, marca o fim dessa era.
A trágica viagem de Kowalski faz dele, de facto, aquele que desafia a autoridade e falha inevitavelmente.
Poderia ser vista igualmente como que a última viagem dos anos 60, num rumo definitivo à liberdade ou ao seu final.
Quentin Tarantino presta homenagem a este filme de culto com Death Proof (2007), fazendo do mesmo Dodge Challenger branco a estrela do seu próprio filme.