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Eduardo Gageiro
Lisbon City Blues
Olisipo,
cidade erigida por Ulisses,
que esqueceu o hino de uma nação
numa outra cidade, serei sempre eu a sua narcótica canção
sem ninguém mais para te amar
nem ninguém mais para te temer
não te esqueças das bebidas
não te esqueças de ecoar todas as nossas causas desmedidas
e de abrigar os teus filhos nocturnos
com a palavra crente, quase amarga
absurda por vezes, nessa hora irônica e tardia
mas que ninguém acuse de ser fingida
da sua noite foraz,
brotam sorrisos e beijos
pela hora das colheitas, que nos trás
a erva-das-maleitas para todos os ensejos
Cidade Mãe
embora muitas vezes
também madrasta.
andrajosos corsários,
viveram os seus amores efémeros,
entre vielas e becos escondidos
e por aqui permaneceram
ancorados às suas contradições
são apenas mercenários
corações tatuados, entregues
ao seu repouso austero.
até à hora das despedidas,
sem apegos nem distinções
Já o Alberto Caeiro sabia.
"O Tejo é de facto o rio mais belo da minha cidade,
mais não seja porque é o rio que corre pela minha cidade"
Displicente
como todos nós
vulgos da sua colectiva memória
O Tejo será sempre isso,
o rio ao qual o nosso olhar se entrega casualmente
até aos céus do esquecimento.
Mas tudo aqui é perfeito,
Por estar vazio,
Porque perfeito
e vazio,
nem sequer é
nem sequer existe
havia um rio apenas que nos separava
rio de um sonho interdito, num fado desdito
fado quase maldito,
maneirismo corporal de uma utopia
a revolução esquecida, que nunca soube aguardar
e cuja letargia não soube recompensar
a distância vivida
nesta nossa dicotomia
nas silhuetas das suas ruas, as repetições de um drama
vive-se intensamente, lida-se com a trama
que em breve
fará de tudo isto
apenas uma memória fria
cidade erigida por Ulisses,
que esqueceu o hino de uma nação
numa outra cidade, serei sempre eu a sua narcótica canção
sem ninguém mais para te amar
nem ninguém mais para te temer
não te esqueças das bebidas
não te esqueças de ecoar todas as nossas causas desmedidas
e de abrigar os teus filhos nocturnos
com a palavra crente, quase amarga
absurda por vezes, nessa hora irônica e tardia
mas que ninguém acuse de ser fingida
da sua noite foraz,
brotam sorrisos e beijos
pela hora das colheitas, que nos trás
a erva-das-maleitas para todos os ensejos
Cidade Mãe
embora muitas vezes
também madrasta.
andrajosos corsários,
viveram os seus amores efémeros,
entre vielas e becos escondidos
e por aqui permaneceram
ancorados às suas contradições
são apenas mercenários
corações tatuados, entregues
ao seu repouso austero.
até à hora das despedidas,
sem apegos nem distinções
Já o Alberto Caeiro sabia.
"O Tejo é de facto o rio mais belo da minha cidade,
mais não seja porque é o rio que corre pela minha cidade"
Displicente
como todos nós
vulgos da sua colectiva memória
O Tejo será sempre isso,
o rio ao qual o nosso olhar se entrega casualmente
até aos céus do esquecimento.
Mas tudo aqui é perfeito,
Por estar vazio,
Porque perfeito
e vazio,
nem sequer é
nem sequer existe
havia um rio apenas que nos separava
rio de um sonho interdito, num fado desdito
fado quase maldito,
maneirismo corporal de uma utopia
a revolução esquecida, que nunca soube aguardar
e cuja letargia não soube recompensar
a distância vivida
nesta nossa dicotomia
nas silhuetas das suas ruas, as repetições de um drama
vive-se intensamente, lida-se com a trama
que em breve
fará de tudo isto
apenas uma memória fria
lobos e cordeiros, cedem aos impulsos
segreda-se à lua, cidade escolhida dos amores convulsos
contos de encantar, rubros licores
bebidos numa tasca de fados ao jantar
segreda-se à lua, cidade escolhida dos amores convulsos
contos de encantar, rubros licores
bebidos numa tasca de fados ao jantar
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