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sexta-feira, 15 de junho de 2012

os teus sonhos destilam o meu vinho





entre
os dois mares
que se navegam
e as terras
que nos segregam

todos os sonhos
seguem alimentando-se
na espera
aonde um gosto acre a morte
já exaspera

esse calafrio sem voz
que seduz
corpo da mais obscura leveza
que nos conduz.

há no entanto
uma outra voz no esquecimento
uma sombra
que se move pelo firmamento
insurgindo-se
pelas horas tenebres
em que os filhos furtivos
resolvem escolher
a noite.

em cada conto
eu escuto
à tona de agua
enigma primaveril
sou o filho pagão
que a loucura tece
e atordoa
sem princípios,
nem um fim

em cada conto
invocando um reencontro
nas estâncias oníricas em que se revelam
pelos labirintos de Dédalo.

aonde trovas se cantam
aos nossos
corações exilados.

lava assim de novo,
o teu olhar na penumbra
e teme
pelo incendiário
delito dos sentidos.

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