Pesquisar neste blogue

terça-feira, 8 de março de 2016

Fragmentação


Felizmente, durante a minha estadia tive ainda a oportunidade de
colaborar em algumas curtas-metragens, nomeadamente com o meu colega Nuno Fernandes. 
Durante a semana (normalmente era às quartas-feiras) no Draculea Café Bar costumava haver sessões de leitura de poesia, moderadas pelo proprietário Valter (que também participava muitas vezes, assinando os seus poemas como Alexandre Dual) havendo também exposições de fotografia e pintura, muitas delas da sua companheira Ursula. 
Nessas sessões de leitura tive a oportunidade de conhecer o trabalho de escritores cativantes apesar de praticamente desconhecidos como era caso do Joaquim Morgado ou do Luís Ene. 
E de conhecer os meus amigos alentejanos Tiago Marcos e Luis Caracinha, parte integrante dos Esfinge, um projecto musical influenciado pela temática da mitologia grega que terá sido recentemente ressuscitado. 
Haviam muitos outros mais que valeria aqui a pena realçar mas o protagonismo acabava quase sempre por recair nas leituras de Rogério Cão e Rui Cabrita. 
E por sua vez as performances eram quase sempre retiradas de um texto chamado a "A Gaveta da Pedra". 
Foi baseado neste texto que se aproveitou o espaço interino na Fábrica da Cerveja, em Faro, durante a exposição ANDAIME realizarmos a curta-metragem Fragmentação.





O objectivo principal era a participação no Festival Silêncio, um festival baseado em adaptações literárias para o grande ecrã que ocorreu no S.Jorge em Lisboa. 
Editado por José Jesus que colaboraria na também na parte sonora com o David Bastos através do seu projecto Near Silence.
Mais do que realçar uma pequena colaboração minha neste projecto cujo o resultado final até foi satisfatório na minha opinião o que mais me motiva realçar é o quanto me fez e continua a fazer falta nestes últimos anos o convívio com outras pessoas como estas que acabei de aqui referir. 
Que fossem capaz de puxar pela tua criatividade em "contramão" com o habitual "bota-abaixo" competitivo e mesquinho. 

Orgulho me das minhas origens humildes, mas passar tempo com a família não é muitas vezes um móbil criativo.
A falta de partilha fazia-me durante muito tempo sentir-me estagnado, sem inspiração, como se estivesse "seco" por dentro.
E apercebia-me disso sempre que tentava puxar por essa mesma criatividade.












terça-feira, 1 de março de 2016

Recomendação cinematográfica - Zabriskie Point (1969)

 O recente desaparecimento do Lemmy e do David Bowie fez-me recordar uma situação semelhante no cinema quando dois dos meus realizadores favoritos acabaram desaparecendo no mesmo dia(falo de Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni).
 Em 1968, Antonioni encontra-se nos Estados Unidos. É a época das revoltas estundantis."Tive diante de mim uma imagem pouco agradável do establishment americano,mas, ao mesmo tempo,uma imagem fantástica da outra América - a que pertence aos jovens." 

 Zabriskie Point é por isso um reflexo dessa sociedade e desse movimento de choque entre ambas as gerações, a do conservadorismo do establishment e a irreverencia de uma juventude que acredita poder mudar o mundo. Para a banda sonora o realizador escolheu os Pink Floyd embora tivesse primeiro pensado em John Fahey. Segundo se consta Fahey terá sentido-se ofendido com as apreciações anti-americanas de Antonioni tendo ambos terminado o jantar numa cena de pancadaria. Para a cena pretendida pelo realizador italiano seria escolhida uma música do Jerry Garcia dos Grateful Dead. Claramente numa das minhas cenas preferidas de todo o cinema,embora o final épico com as coisas a explodirem ao som do Carefull with that Axe, Eugene fosse igualmente marcante.