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sexta-feira, 26 de maio de 2023

ruínas





a alma não existe mais

a sua morte foi assistida por um assombro invernal 

usurpadores e inquisidores tentam

interpor-se entre nós, 

caminhamos entre silêncios 

por um purgatório saturnal

anjos subterrâneos, por aqui seguem-nos

reconhecendo todos os sítios ancestrais

criaturas errantes se moldam à tua inocência,

rostos que ficaram à porta 

de casas sacramentais


sem futuro 

sem futuro, o presente que arde 

em brandas mágoas 

as cinzas caindo

incandescentes

 pelo reflexo das turvas águas


no presságio da meia noite, a catarse do firmamento

soprando como o vento, 

em reflexos de enganos e descontentamentos

dados que ditam os rumos 

à luz das labaredas apocalípticas

a fêmea estendida no altar, relembra-nos todas as hecatombes cíclicas

com a humanidade,

servindo lhe 

o sémen fecundante da atrocidade


na necessidade antropofágica 

de todas as (desu) humanidades

por aqui nunca há tempo de se lamber feridas , 

pelo seu nome, ergue se o cio destas fatalidades

copulando com as idílicas fantasias,

estruturas que sucumbem 

ao caos do livre arbítrio, os falsos juízos que incubem

as forças 

que não escolhem idades

no anátema das afeições, a apostasia redentora 

de uma heresia

                                                       







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