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quarta-feira, 9 de julho de 2025

os 4 cavaleiros do apocalipse

Lembro me que até já conhecia Maiden e AC/DC mas foi no verão que conheci finalmente os Metallica foi quando pensei realmente em tornar me "metaleiro".

Nunca tinha conhecido nenhum por isso resolvi apenas tentar imitar o membros da banda.

Os 4 Cavaleiros do Apocalipse do Kill em All, tinham amadurecido e no meio das vestimentas pretas, havia a crença de terem que representar o luto pelo seu baixista e a meu ver maior génio criativo. Quando os conheci tinham um "Album Negro".

E vestiam se de negro.
Achava os, por isso tudo, os tipos mais rebeldes do mundo.
Quando voltei às aulas, no ano seguinte vesti também eu umas calças justas e uma camisola preta . Apenas é só preta. Pulseira de cabedal e o típico cabelinho "à fodasse", para utilizar outra expressão muito vulgar dos anos 90. Lembro me bem de um colega que tinha transitado do ano anterior vir perguntar me com ar de espanto "então mas tu agora és metálico?"(sim pq naquela altura muitos ainda usavam a expressão "metálico"...metaleiro é outra coisa de sec XXI) Ao que eu, com orgulho e de peito inchado respondi-lhe "sou". Havia algum escárnio na forma como esse mesmo colega fazia me essa pergunta e sinceramente não queria nem saber. Usei essa camisola com orgulho, tal como disse, fui a todo o tipo de festivais, conheci um número razoável de pessoas não só do metal, mas também do punk, do reggae etc. Troquei correspondência com pessoas de vários países. Um dia farei aqui uma compilação dessas entrevistas para o projecto "Myth Zine" a fanzine que nunca cheguei a publicar. E até pelo menos aos meus 19 anos fui de facto um "metálico" de corpo e alma. Mas isto foi até começarem a surgirem as primeiras diferenças. Os primeiros interesses musicais fora do metal, as primeiras divergências, tudo parecia motivo para a discórdia. Os mais rebeldes revelavam se cada dia paradoxalmente aos meus olhos tão ou mais conservadores do que quaisquer outras pessoas que até à altura conhecia.
E quando desisti das bandas, resolvi assim dar esse capítulo como finalizado, e despir essa camisola de "metálico" de forma radical.
Peguei em vários sacos com k7s, demos, fanzines, etc e desatei a oferecer tudo ao desbarato. Nem me preocupei em vender...apenas desejava um corte radical com tudo.

Acho, no entanto, que terá sido mesmo a primeira e última vez na vida que disse com orgulho, pertenço "a algo", de resto nem metaleiro, nem satânico, nem cristão, nem hare khrisna, nem punk, nem nazi, nem comunista.
Eu sou eu, só isso, amálgama de vários interesses.

Vivi sete vidas diferentes no entretanto.
E ao meu ver, há malta daquele tempo que continua ainda a ver tudo a preto e branco.
A música, para mim, de certo modo é um pouco como o alimento da alma.
Esta torna-se parte de mim, faz parte dos meus gestos, das posturas, da forma de comunicar, etc.
Imagine-se um tipo auto destrutivo como era só ter ouvido depressive sounds ao longo destes anos todos, bem se calhar já cá não estaria.
De vez em quando tornam se necessários outros nutrientes.
Para renovar a alma, torna-se necessário um outro tipo de alento.
Como uma terapia, no entanto, uma ou outra em excesso podem tornar-se igualmente tóxicas.
Para o equilíbrio emocional ambas as vertentes tornam-se por isso essenciais.
Por vezes ter que voltar a expelir raiva, tristeza, revolta, etc é o caminho certo.
Pode até ser o único caminho.
Estes factores depois é que determinam os géneros musicais que me interessam. E não o contrário.






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