Há sempre uma vaga
que queima pelas veias
e cresce no seio do mundo
eixo clandestino
em quase todas as histórias de amor
quase, quase sempre tudo
quase, quase sempre nada
uma língua desconhecida de um país distante
uma sombra ligeira, ferida de morte
quis deus refletido
nas cristalinas águas da montanha
e nos silêncios que desejavam romper
com os rostos de veludo na tristeza
pedi à razão que me desse um novo nome às cidades
e dos filhos cegos quis apenas a sombra
para que aprendessem assim de novo a ver
pedi à noção que me desse um novo mundo às palavras
para que assim pudesse ter uma arma para amar
da intolerância da noite eu renasci
sempre percorrendo estas veredas imaginárias até ao deserto
aonde assim revi todas as pessoas outrora desaparecidas
e na alvura dos rostos das mulheres que nos esperavam
havia assim uma nova esperança
havia corpos turvos dançando entre firmamentos
escritos em poemas de sangue
guardados como recortes de jornal
numa jarra de vidro
depois de transcritos no papel raro dos peregrinos
escondi os
entre os bosques de Averno
de onde só os desenterraria
na promessa de te voltar a rever
e das estrofes que nos falavam de ilhas
ouvia se o grito do homem da torre de vigia
instante eternizado
entre pessoas que viviam como em carreiros de formigas
habitantes também elas mesmas
em ilhas de si próprias
- a fuga meu amor
essa virá em carros alegóricos
na primavera tolhida pelo espanto.
"the orb of frameless misfits"
"o inocente revolver para a eternidade"
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