Victoria Warehouse ( Manchester)
Cheguei a Manchester com dois dias de antecedência em relação ao festival. Desta vez não houve nenhum planeamento antecipado a anteceder a minha vinda, foi comprar os bilhetes e dias depois estava no avião. Chego ao Aeroporto de Manchester como alguém que acaba de chegar à paragem de autocarro de uma cidade estranha que não conhece e não sabe bem o que fazer, bem acho que a primeira coisa a fazer seria procurar uma casa de cambio que me trocasse euros por libras...assim foi, depois foi procurar um meio de chegar ao centro, acabei por passar a primeira noite a vaguear pelas ruas tendo acabado por adormecer já de madrugada numa paragem de autocarros perto de Salford aonde apaguei cerca de uma hora e tal. Estamos numa quinta-feira e previa-se um fim de semana bastante agitado com concertos da Rihanna e um derby Man.United vs Man.City e por estes motivos foi difícil encontrar um quarto a um preço minimamente decente. Acabaria por ficar num a partir da segunda noite numa pousada no Northern Quarter mas sem deixar de ser ridiculamente roubado na primeira das 3 noites que lá fiquei. Bastou-me no entanto andar aos círculos durante 3 horas para me ambientar à cidade. Foi fácil concluir que as suas principais artérias partem deste Picadilly Station e que esta era essencialmente uma cidade nocturna e movimentada em qualquer dia da semana. Senti também pela primeira vez o que era uma cidade do norte da Inglaterra e a pronuncia Mancuniana soou-me muito mais familiar e acessível do que a de Liverpool. Apenas cerca de 50 kms distanciam ambas as cidades mas se a cidade dos Beatles poderá parecer mais atractiva do ponto de vista turístico a verdade é que Manchester pareceu me mais promissora no que diz respeito à qualidade de vida. Adoraria viver em Manchester assim como adoraria viver um ou dois anos no norte de Portugal em cidades como o Porto ou Guimarães com as diferenças óbvias da remuneração e da relação qualidade/preço. Na segunda noite acabei por ir assistir à festa de abertura do festival num sitio chamado Sound Control aonde apenas consegui chegar a tempo do concerto dos The Vacant Lots. Chegado o dia do festival bastou sair da pousada e atravessar a estrada para dar de caras com Mr.Newcombe em pessoa que mantinha uma conversa animada com os proprietários de uma loja de musica à entrada da mesma enquanto fumava o seu cigarro electrónico. Consegui chegar à Victoria Warehouse que ficava mesmo junto a Old Trafford (estádio do Man United) com a preciosa ajuda de um grupo de Brighton que me ajudou a comprar o bilhete na paragem do Tram e que já sabia o caminho até ao recinto por lá terem estado no ano anterior. Na casa dos 22,23 anos eram dois rapazes e uma rapariga, e todos aparentavam manter uma cumplicidade mais fraternal, a rapariga não parecia ser companheira de nenhum dos dois o que também que me daria um pouco mas de confiança para começar a desenvolver um dialogo com ela, no entanto fazia sempre a questão que eles se mantivessem "ligados" à conversa. De Portugal apenas pareciam conhecer por exemplo os The Parkisons e nem sequer tinham tido conhecimento do Reverence Valada o que achei estranho, pareceram-me ter ficado interessados em vir ao nosso pais depois de lhes ter falado um pouco mais dos line-ups. Chegado ao recinto senti me logo "integrado", 5 fichas para as Foster's e uma animada conversa com um escocês e um espanhol de Barcelona que vinha "expressamente" pelos Jesus & Mary Chain e foi graças a eles que fiquei a saber que afinal a cerveja Foster's era australiana. Em suma, corria tudo bem, o espaço era enorme com varias divisões entre dois andares e algumas exposições de pintura psicadelica e tatuadores pelo meio, ainda havia um terceiro recinto fora do recinto principal e era impossível ver todas as bandas que interessavam ver, comecei pelos Ringo Deathstarr que já conhecia do Reverence, Uncle Acid & Death Beats, Rev Rev Rev,Lola Colt (grande concerto),Esben and the Witch, finalmente consegui ver um concerto dos The Raveonettes (a prova viva de que o reino da Dinamarca não é só belas loiras e os Roxette) White Hills( mais uma banda que conhecia do Reverence), grande surpresa foi também o hip hop apunkalhado dos Sleaford Mods que pareciam jogar em casa e por fim estava eu na fila para os "veggie" burgers conversando com o espanhol e o escocês quando estes me alertaram para o facto de os Brian Jonestown Massacre estarem já a tocar, foi comer o burger e as batatas fritas a escaldar à pressa e tentar furar pelo meio da multidão, "Government beard"; "Here comes the waiting for the sun" e lá consegui chegar-me perto do palco mesmo a tempo de ver a "Anemone" com a cantora canadiana Tess Parks, habitual parceira da banda nestas andanças. Depois foi cerca de uma hora a ver alguns dos clássicos da banda, a tentar tirar fotos a um quase sempre discreto Mr.Newcombe , quem vê o documentário DIG! fica com a ideia de este seria quase como um "tirano" para o resto da banda, mas não neste dia apenas se limitou a gritar com alguém da banda antes da musica "She's gone" após duas ou três tentativas em falso. Por fim, foi tempo de deslocar-me para um dos palcos secundários e ver The Underground Youth, foi o terceiro concerto deles que eu vi desde 2012 e poderiam já ter sido quatro se tivesse ido a Lisboa vê-los em Abril do ano passado. E nunca canso, ficando sempre presente a ideia que talvez já merecessem o palco principal. Depois ainda haveria tempo para os veteranos Jesus & Mary Chain e os Allah-Las que apenas acabariam por servir como "digestivos" após uma longa e fastidiosa refeição, em suma, grande festival, grande ambiente. Aliás foi sempre assim por quase toda a Inglaterra, talvez a excepção fosse mesmo Liverpool, aonde as pessoas me pareceram mais rudes e de alguma forma parecidas com os"typical british" com aspecto "hooligan" que conheci inúmeras vezes na Praia da Rocha em Portimão ou em Albufeira. Já em Londres por exemplo foi igual, desde ouvir grupos de jovens estudantes portugueses no Tube e fingir que não entendia o que diziam. Após o concerto de Enslaved,em Camden Town ficaria socializando com metaleiros e falando das bandas de Death Metal com uma geração mais nova que teria sensivelmente a mesma idade que eu quando conheci essas bandas, jovens teenagers que me relembraram o entusiasmo teenager que eu igualmente já tinha sentido outrora por esse género musical...sem discriminações, snobismos, merdas nem competividade mesquinha etc... Apenas puro amor pela música e pela fraternidade como eu já não via em meu redor à muito e como aliás deveria ser sempre! Gostaria de voltar a ver um festival em Inglaterra em breve.
O de Liverpool, por exemplo, poderia sem dúvida uma escolha interessante.
Não descartando um eventual festival de metal ou o Desert fest que penso que seja igualmente em Londres.
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