Vila Nova de Milfontes
as ruas ficam desertas
pelas nove horas da noite
e a noite lenta
pelas nove horas da noite
e a noite lenta
arrasta se reptiliana
desde a travessa do arremedo
até à esquina
de onde espreita-nos um bar
dos lobos do mar e capitães sem medo
uma vez lá dentro
partilha-se toda a embriaguez
com palavras incógnitas, como manda a lei tertuliana
entretanto cá fora
na sua lucidez
ergue-se o luar,
tecendo a superfície de todo um altar
- sem lume para mais um cigarro.
irás tu comigo um dia regressar
a este reino
de bobos e charlatães?!
- todos eles sorvidos por um culto
que das trevas se reveste
irás tu comigo um dia regressar
a este reino
de bobos e charlatães?!
- todos eles sorvidos por um culto
que das trevas se reveste
pelas ruas estreitas, o pássaro da noite vetusta
espreitando o prazer, no vascular do corpo celeste
na selvageria, espremendo uma gota mais
sem cura, sem escolha nas perdições dos demais
a resposta procurada no álcool
o praguejar durante um jogo de futebol
da escadarias até à praia
pelos sulcos das marés movem-se brisas,
e ao ritmo das ondas, arma-se o silêncio
na crispação da noite que agora nos cercou
na crispação da noite que agora nos cercou
o profano desejo que nos aniquilou
o prenúncio do caos nocturno ,
na comoção de quem esculpiu a carne poema e a inaugurou
tecendo as tramas pelas ruas imaginárias do teu rosto.
compreendendo a culpa, cantando o blues
chega-nos o lume trêmulo das palavras
de todas as formas
já estaremos mortos e no inferno
quando eles finalmente estiverem a ouvir a canção
que provinha deste bar
- it's the vomit express of a midnight brain
quatro da manhã,
uma moeda apenas no bolso
para uma cerveja mais
a barmaid pede te para sair,
a náusea
impede te de sonhar
por estas ruas, as flechas de fogo
sobrevoam no negrume da noite
e o luar segue espreitando sobre as falésias.
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