late night
O império da noite encontra-se por agora pacifico.
A festa terminou.
O último homem a tentar beijar Leonor, parte,
o seu semblante é pesado.
Queria deixar-lhe marcada,
fustigada na descrição do desejo carnal,
mordendo os seus lábios.
Quando acordou, era meio-dia.
Algo desaparecera, talvez a esperança.
Talvez a chaga não seja bordão destinado a florescer.
Dizem que o amor aproxima os homens de Deus.
Dizem que o amor é lei.
No entanto este homem continua a desconhecer a razão dos deuses
e porque continuava ele sendo ateu.
Midnight
A noite perene era ela
latejando ao abandono
pelo interior
de um homem disforme
no vagar presente
os seus músculos atraiçoam
fria é de novo a esperança,
madrepérola memorizada
pelos frisos do templo da intemperança
fricção vulcânica, agonizando num adeus
pelas cordas de um violino
- trocando nos as almas
vedadas
ao sacrossanto.
entre rios de sangue
é um olhar que desperta,
uma fronteira invisível
que delineia
desta montanha sacra,
o eterno retorno.
de novo a garrafa
para beatificar
aquela que lhe desperta todos os órgãos vitais
a carne embebecida
na sua obsidiana casa de vidro
aonde tudo é vago como o homem nú
aonde tudo é frívolo como Deus.
de volta às ruas do crepúsculo,
as fronteiras são impostas pelos limites de quem possuis
desde a obsessão
a um momentâneo adeus
um palpitante coração de vidro
vive à deriva
- entre as vidas de um gato
estás aqui como os ventos do deserto
és o sal que me arde nos olhos.
E o último homem lê de nova a Sylvia Plath,
redigindo os poemas dela,
no vácuo inóculo das estrelas,
fugindo aos ciclos vegetativos
e ao paradigma dos poetas suicidas.
Late night
E o império da noite
por agora encontrava-se pacifico.
A festa havia terminado.
O último homem
A festa havia terminado.
O último homem
depois de beijar Leonor,
partiu
o semblante era de novo pesado.
Ele quis deixa-la marcada,
fustigada
Ele quis deixa-la marcada,
fustigada
na precisão exata do desejo carnal
espasmo que lhe fazia morder os lábios.
espasmo que lhe fazia morder os lábios.
Quando acordou,
era meio-dia.
A imposição arbitraria
de sentir algo mais, nas manhãs erectas.
formulas secretas da luxúria.
O navio ancorado num eterno pecado.
Nos templos das sombras, conceitos identitários
toldam a visão
algo aqui desaparecera, talvez a esperança.
A chaga não foi bordão destinado a florescer.
Diziam eles que o amor aproximava todos os homens de Deus.
Diziam eles que o amor era lei.
No entanto este homem
No entanto este homem
por aqui continua a desconhecer
a razão de todos os deuses.
Midnight
é meia noite, em plena penumbra
a íntima redenção de um corpo mais
no rasgar lento das peles
mescladas
na noite febril e perene
a torre de babel
está caindo
envolvem se todas as fulgures criaturas
nos esconderijos das cidades santas
o gato cego,
segue
sem eira nem beira
inquieto
na astúcia contraditória
de quem acreditava
numa vida anônima de contrabandista
as sanguessugas seguem
devorando consciências
volúveis,
dançavam
todos os corpos celestiais
Avé maria,
- ascensão celestial da meretriz,
ansiando pela primavera
mais de cem palavras escutei
sobre ti
maria
ao bardo das canções eu pedi
que me fizesse a singela descrição do meu amor
elevando me nas preces até ti
na graciosidade de maria
havia
outro banal ensejo carnal
que se esvaía
em céus de vapor
são os negócios de Mefistófeles,
na delinquência dos prazeres
santos imorais definham
nas baladas animalescas
os bastardos menestréis
que deus não quis
enredos absurdos de uma ira dantesca
rostos de uma verdade esquecida, que segue suspirando
pelas coxas da mulher poema.
descendo entre as margens
de um rio de sangue,
o apocalipse mental de novo aclamava
a fronteira invisível
como uma dança se delineava,
entre repetições e perfeições
o jogral das desgraças
que com as metáforas semeava,
apenas o adágio
regressivo a todas as bocas famintas.
desta montanha sacra,
- o seu eterno retorno.
de novo a garrafa
que pela hora beatificada
de novo a garrafa
que pela hora beatificada
despertava-lhe todos os órgãos vitais
o inferno das sensações inúteis
desta obsidiana casa de vidro
tudo era vago como o homem nu
tudo era frívolo como deus.
de volta
às ruas do crepúsculo,
todas as fronteiras por aqui são impostas
todas as fronteiras por aqui são impostas
pelos limites de quem possuis
desde a obsessão,
a um momentâneo adeus
- o sal que arde nos olhos
e queima na pele
na dívida de se ser
outra vez alguém
para alguém
o último homem pede
que lhe leiam de novo
a sua sina
uma beleza grandiosa trespassava
do seu quarto vazio
apenas uma imagem replicada
depois de tantas horas passadas,
a conclusão
- o simples acto de revolta, nunca terá por si só fim certo
fui mendigo do teu desejo
e capitulei
bem longe de ti, à

beira mar.
-
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