"We are such stuff As dreams are made on; and our little life Is rounded with a sleep." The Tempest Act 4, scene 1, 148–158
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
cidades adoptivas
terça-feira, 20 de novembro de 2012
se os meus pássaros voassem
esquecidos
estas trevas.
reconfortante nos salvará
a volúpia da tua Atlântida.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
build me a woman - The Doors
Still trying to find the shape of his "perfect" woman
Give me a witness, darling.
I need a witness, babe.
I got the poontang blues.
I got the poontang blues.
From the top of my head to the bottom of my cowboy shoes.
Build me a woman,
Make her ten feet tall.
You got to build me a woman,
Make her ten feet tall.
Don't make her ugly,
Don't make her small.
Build me a woman,
Make her ten feet tall.
You got to build me a woman,
Make her ten feet tall.
Don't make her ugly,
Don't make her small.
Build me someone I can ball
All night long.
sábado, 25 de agosto de 2012
beatitude
quarta-feira, 25 de julho de 2012
let it kill you
it kills me
your endless trace
which I follow
from body to body
in this maze
to seek harmony
in your power of individuality,
flavor and sensuality
in another
midnight ride
i'm looking for her again
looking for her tonight
sipping
all the nectar
to burn memories
in a new distress
all life on the edge
but never look down
never look down
or cease to find love
a cure too pure
too vain
in this gain
terça-feira, 17 de julho de 2012
Diários de Bordo - Brugges (ela chamava-se Betty)
segunda-feira, 16 de julho de 2012
divinity in wilderness (mi divinidad del desierto circular)
winds of Fedra,
in rage
whistling
through a somber stage
we stare
through her ethereal visions,
the past will now asunder
with fair devilish precision
from where our human fragility
crumbled
and humbled us
to ease
an unholy litany
the only sound in the air
breathes in our spirits, invisible and fair
muttering
through savage's homes
and underground passages
into a shelter made of dry bones
we leave the offerings
to praise
homewards, where this thirst still burns
envoys from beyond
deny us nothing
nothing is more
than sand
slipping through
my hand
since
i saw you around
a heart attack , a glass house
were the hurt and rust is kept
feed the flow
of the soundscapes
in mighty landscapes
to astound
the merry priests
in timeless images of their feasts
a rite of alchemists
to evoke her solemnly
into us
a map of souls
written in ancient scrolls
large scrolls that we recite
as we traversed through the halls
-to where all queens once dwell
segunda-feira, 2 de julho de 2012
a esfinge de calipso
ii
O mistério esse permanece
quarta-feira, 20 de junho de 2012
Diários de Bordo - Impressionismo em Paris
Perante a inesperada expectativa de uma mulher com ares de modelo em que eu lhe comprasse um quadro que não passava de uma imitação barata dos pintores do impressionismo talvez Degas não me recordo agora, isto numa loja no bairro chique de Marais eu disse-lhe que pretendia um dia tornar me uma personagem de banda desenhada...não, agora mais a sério, sorri como um bom cavalheiro e arrepiei caminho.
Sem as pretensões elitistas de grande parte das pessoas que se cruzavam pelo meu caminho, homens calvos e baixos de fatos Armani com modelos loiras altíssimas, lojas com fachadas Art Noveau...enfim é Paris, França. Longe vai o tempo dos guerreiros gauleses como Vercingetórix que cobriam os cabelos com banha. Nos bairros mais suburbanos povoados por marroquinos, argelinos e restantes povos do norte de África o sentido estético destes não deixava de ser estranho, quase egocêntrico, americanizado, as marcas de roupas que encontramos nas feiras cujo os rótulos se assemelham aos que são feitos na América...o que nos deixa com a ideia de que este tipo de franceses procurava ser uma imitação não assumida apenas por orgulho tolo dos americanos, não o típico gaulês atenção...esses eram como os pequenos gauleses loiros de olhos azuis que brincavam junto ao Centre Pompidou, ou como o pai rude no olhar e na fala que segurava a criança ao colo no comboio nocturno que fazia o percurso de Hendaye até Paris. Vi tipos bem vestidos que parecem me o Luis Garrel de mão dada com tipas loiras aos caracóis cujas feições lembravam-me Sophie Marceau isto no Quartier Latin ao olhar para a montra de uma livraria vi também uma mulher sexagenária a passear o seu cão,uma mulher que podia muito bem passar por uma qualquer actriz reformada como Jeanne Moreau ou Brigitte Bardot e até as esbeltas garçonettes dos cafés me lembravam actrizes de cinema, sentei-me no primeiro andar do Les deux Maggots só para sentir a perspectiva de onde Hemingway escreveu o seu A Moveable Feast isto entre os olhares de desdém dos turistas americanos e até dos empregados que olhavam para as minhas calças de bombazina quase desbotadas e ar de vagabundo, fiquei um ou dois minutos a contemplar essa mesma perspectiva e a imaginar-me no lugar do escritor até que fugi, antes que o empregado me viesse perguntar se queria tomar alguma coisa, algo que já tinha feito por exemplo no Martinho da Arcada em Lisboa onde me sentei no mesmo lugar onde Fernando Pessoa tinha o hábito de se sentar, o lugar do retrato de Almada Negreiros. Voltando de novo a Paris, devo confessar que sentia-me mais desenvolto quando sair de noite fazia tudo mais sentido, tornava me mais desenvolto, mais sensível ao saudar nocturno da cidade, que era muito próprio e individualista, de beleza inconfundível sempre, sensual, delicada...isto não é nenhuma novidade visto ser a cidade do absinto cantante e das bailarinas de Cancan que ficaram imortalizadas pelo pequeno/grande Toulouse - Lautrec, torna-se assim fácil perpetuar-nos numa tela a preto e branco e quase imaginarmos a Jean Seberg a dizer "New York Herald Tribune" nos Champs- Élysées. Tenho vindo a encontrar alguns portais através desta minha estranha viagem. E cada vez mais apaixono-me por esta dama que distintivamente nos faz perder nos seus segredos, esta cidade vulnerável que se parece aos poucos apoderar da tua alma. E eis que paro de novo junto do Sena e do cansaço de andar de mão dada com todos os fantasmas do passado, sinto os fluírem lentamente por mim, como que exorcizados e livres e para isso bastava-me apenas cerrar os olhos sentia-me ainda enclausurado em mim próprio muitas vezes e as pessoas pareciam notar isso, como foi o exemplo o caso de um simpático e atencioso casal americano alfarrabista que terá tentado depois aprofundar uma conversa comigo sobre o Socialismo e certos movimentos libertários. Confesso que se calhar também na altura não teria ainda toda a informação para falar abertamente sobre esses assuntos. Por sua vez parava para fixar-me durante alguns minutos em todos quadros antigos a preto e branco de uma loja de antiguidades que me causaram fascínio ao mesmo tempo que intimidavam. Um outro alfarrabista, este francês depois de me perguntar se eu escrevia oferece-me flyers de concursos de escrita criativa.
sexta-feira, 15 de junho de 2012
os teus sonhos destilam o meu vinho
entre
os dois mares
que se navegam
e as terras
que nos segregam
todos os sonhos
seguem alimentando-se
na espera
aonde um gosto acre a morte
já exaspera
esse calafrio sem voz
que seduz
corpo da mais obscura leveza
que nos conduz.
há no entanto
uma outra voz no esquecimento
uma sombra
que se move pelo firmamento
insurgindo-se
pelas horas tenebres
em que os filhos furtivos
resolvem escolher
a noite.
em cada conto
eu escuto
à tona de agua
enigma primaveril
sou o filho pagão
que a loucura tece
e atordoa
sem princípios,
nem um fim
em cada conto
invocando um reencontro
nas estâncias oníricas em que se revelam
pelos labirintos de Dédalo.
aonde trovas se cantam
aos nossos
corações exilados.
lava assim de novo,
o teu olhar na penumbra
e teme
pelo incendiário
delito dos sentidos.
os dois mares
que se navegam
e as terras
que nos segregam
todos os sonhos
seguem alimentando-se
na espera
aonde um gosto acre a morte
já exaspera
esse calafrio sem voz
que seduz
corpo da mais obscura leveza
que nos conduz.
há no entanto
uma outra voz no esquecimento
uma sombra
que se move pelo firmamento
insurgindo-se
pelas horas tenebres
em que os filhos furtivos
resolvem escolher
a noite.
em cada conto
eu escuto
à tona de agua
enigma primaveril
sou o filho pagão
que a loucura tece
e atordoa
sem princípios,
nem um fim
em cada conto
invocando um reencontro
nas estâncias oníricas em que se revelam
pelos labirintos de Dédalo.
aonde trovas se cantam
aos nossos
corações exilados.
lava assim de novo,
o teu olhar na penumbra
e teme
pelo incendiário
delito dos sentidos.
quinta-feira, 14 de junho de 2012
segunda-feira, 11 de junho de 2012
a pledged way
quinta-feira, 31 de maio de 2012
Diários de Bordo - Barcelona
Finalmente um pouco de descanso! Nem acredito que seja já 5ªfeira. Saí 2ª feira de manhã directamente para Sevilla, tendo chegado por volta das 13h30. Durante o percurso no autocarro aproveitei para ler o clássico do Hemingway sobre a guerra civil espanhola "Por quem os sinos dobram". A forma como Hemingway conseguiu captar o carácter caloroso dos espanhóis como se fosse um deles e ao mesmo tempo distanciar-se como o estrangeiro era torna-se sem duvida uma das virtudes deste livro. Levei várias semanas adiando a viagem retido por burocracias à espera do dia em que pudesse finalmente concretizar a fuga. No primeiro dia em Sevilla conheci uma rapariga madeirense, que curiosamente também vivia em Faro e embora nunca tivesse tido o privilégio de a conhecer por lá tal como a personagem no livro de Hemingway também se chamava Maria. Quando ela entrou no autocarro ainda fiquei na expectativa que se viesse sentar no lugar que se encontrava vago ao meu lado. Mas ela limitou-se a passar por mim sorridente e foi de isentar-se no banco de trás e entretanto para aumentar mais o meu desconsolo, um grupo de noruegueses entra na paragem seguinte, tendo o mais obeso sentando ao meu lado.Durante as 3 horas seguintes praticamente não me consegui mexer, como sol de fim de verão andaluz fustigando me pela janela. O tipo norueguês tornava-se realmente incómodo, restava-me o meu olhar desconsolado para Maria, ao qual ela respondia com um leve sorriso trocista, como que entendendo o meu desconforto...após os devaneios sevilhanos que acabaram por valer apenas por revisitar a Plaza de España, as cerca de 4 horas debaixo do maldito calor desidrataram-me completamente. Estava de volta à estação dos autocarros, ressequido e cansado, esperando pelo autocarro para Barcelona quando a vejo sentada sozinha à entrada com um ar bastante preocupado. Ela dirige-se a mim,insegura, pois tinha acabado de perder o autocarro para Málaga e via-se forçada a ter que pernoitar em Sevilla. Pobre miúda, se não fosse o facto de ter logo comprado o bilhete do autocarro para Barcelona e teria calorosamente aceite aquele convite para ficar com ela, poderíamos ter passado a noite ao relento conversando nos bancos dos jardins andaluzes, ou então quem sabe até a fazer amor nalguma residencial recôndita na Calle Sierpes. Por breves momentos poderíamos assim esquecer toda a amargura de dois seres solitários neste vasto mundo.
Tinha finalmente começado esta viagem-revelação de como todo este mundo não passa de um sonho esperando por nós... desejoso de ser vivido em toda a sua plenitude.
Ao vislumbrar Barcelona de autocarro, o smog cobria o horizonte ainda distante desta cidade, que tinha a curiosidade de se situar ao mesmo tempo entre as montanhas e junto do mar. Barcelona poderia ser uma possível futura capital desse reino europeu que parece estar na forja já à algum tempo, se a União Europeia por alguma razão algum dia se viesse a tornar nos Estados Unidos da Europa a capital deveria chamar se Barcelona, nem Copenhaga, nem Berlim, nem sequer Madrid. Penso isto principalmente pela localização periférica. No entanto a capital catalã é de facto uma cidade muito própria, antiga e ao mesmo tempo moderna, liberal e jovem surrealista sempre como se houvesse um pouco de Gaudí, Miró ou Dalí em cada avenida. Quatro pessoas viriam a marcar-me profundamente, quarto possíveis irmãos noutra encarnação,companheiros de viagem que muito provavelmente não voltarei a ver, pois apenas a brevidade dos dias poderia permitir tais ligações que embora efémeras serão certamente mais marcantes que a maioria que por vezes temos no nosso quotidiano. Ao chegar à pousada, quando tentei dirigir-me à recepcionista com o meu péssimo castelhano, ela sorriu-me e falou em português com sotaque brasileiro, mais tarde estava deitado na parte de cima do beliche, embrenhado no que me restava ler do Hemingway,quando entra um tipo de rastas, trazia também o seu vinho numa garrafa de plástico e um stick que utilizava para fazer o jogo do "devil stick" com fogo nas ruas, servindo lhe de sustendo,quando este tentou dirigir-se a mim no seu péssimo castelhano, naturalmente que sorri também e disse-lhe "podes falar em português comigo". Uma amizade curiosa esta a que travei com ele, dois sonhadores uma demanda por algo mais do que material criamos forte empatia e falamos de tudo o que era relacionado com misticismo, espiritualidade, Lsd, meditação etc. O I. conhecia a cidade pois já lá tinha vivido alguns meses, curiosamente nunca tinha estado no Oceanário junto ao porto marítimo de Barceloneta. À medida que I. ganhava confiança e desenvoltura no seu diálogo comigo,ia também aos poucos confessando pormenores íntimos das sua viagem que tinha como objectivo principal ir até à Turquia, quando trocamos moradas ele prometeu dar-me todas as novidades assim que chegasse ao destino, embora pela maneira como esbanjava facilmente o dinheiro tanto em bebida como em roupa, principalmente chapéus, eu ficasse duvidando que se alguma vez ela terá conseguido chegar ao seu destino. Quando tentava interpelar-lhe e chamar-lhe à atenção por isso, ele limitava-se a sorrir e a mostrar a sua flauta para tocar na rua, como que dizendo "no worries mate!". Quando regressamos à pousada, um homem sexagenário entrava connosco na habitação,estava bastante revoltado e falava sozinho,tentava disfarçar o seu desconforto por nos ver ali com o seu péssimo castelhano com sotaque brasileiro, eu e o I. automaticamente olhamos um para o outro e desatamos a rir pois percebemos naquele instante que a brasileira da recepção estava a tentar juntar todos os nativos do português no mesmo quarto. Era o J., antigo repórter fotográfico brasileiro que voltava da Alemanha de onde tinha assistido ao casamento da sua filha. E que histórias impressionantes nos tinha para contar, desde a vez que esteve em Cuba numa conferência e do privilégio que foi conhecer Fidel Castro,ele tornava-se assim um pouco como a personagem daquele avozinho da nossa infância que nos contava histórias. Foi casado 6 vezes e desejava agora ir a Portugal para procurar uma antiga paixão portuguesa, era um romântico e só para ouvir as suas histórias de amor já quase valia a pena ter feito esta viagem a Barcelona. No dia seguinte J. travaria conhecimento com E., espanhola de Madrid que tinha vivido e estudado em Tomar .E o nosso "Band à Part" estava assim completo. Era um contraste interessante aquele que havia entre J. e E.,ao qual eu ia assistindo quando nos dirigíamos para a Casa Batló, depois da nossa visita à Sagrada Família. E. vivia certamente a amargura de uma separação recente e isso notava-se no seu timbre de voz e na descrença que afirmava manter acerca do acerca do amor, mas simpatizou imediatamente com J. Durante a noite fomos aos bares do Bairro Gótic e lembro-me carinhosamente destes momentos, até à despedida do J., que foi o primeiro de nós a partir, na madrugada do terceiro dia.