Pesquisar neste blogue

terça-feira, 3 de maio de 2016

uma longa guerra silenciosa

na seara do sonho, 
residia o álibi 
o coração com raízes ramificadas 
era de novo o nosso fruto
a aragem quente não escondia todos os crimes,
que por ti aqui cometi 

as mãos estavam sujas, mais sujas do que o cadáver 
que agora enterrava.

os leões ferozes lutavam na selva 
é o principio da sobrevivência 
lá fora eles gritavam
gritavam e apelavam 
  "Não te esqueças de trazer as tuas armas!
   Não te esqueças de trazer as tuas armas!"


o sol tolhia o suor 
de um inglório esforço
o silêncio não escondia a hora da nossa retirada 
pois não mais havia forças, para desembainhar esta espada
pelo fulvo raio solar dizia-se adeus aos nossos dias
entre remorsos sentidos e latentes,


e pela hora da discórdia
de novo a repudia  
multiplicando-se
nesta guerra contra o mundo
na solitude ampla de um adeus
amemo-nos hoje nestes quartos
para poder compelir todo o pânico dos murmúrios, 
com a beleza no vão das escadas 
já lá fora nos esperando.

Sentindo o deus pagão, miasma desta nossa redenção.
Sentindo o verbo e a palavra, algures escondida nesta canção.
Sentindo na força de quem quer segurar o cajado e libertar-se do desânimo.
Sentindo o silêncio de querer chorar para te poder finalmente ouvir.
Sentindo o arrastar de um caixão pelas frias calçadas da lucidez.
Sentindo o arfar de um cão que te morde a alma.
Sentindo o cantar de um realejo de boca para quem pede beijos.
Sentindo o castigo de um noivado sem aliada nem aliança.

o desenho desta janela 
já há muito que foi traçado a lápis de cor.







Sem comentários:

Enviar um comentário