na seara do sonho,
residia o álibi
o coração com raízes ramificadas era de novo fruto
a aragem quente não escondia os crimes,
que por ti cometi
as mãos estavam sujas, mais sujas que o cadáver
que agora enterrava.
o sol tolhia o suor
de todo o inglório esforço
o silêncio não escondia a hora da nossa retirada
pois não haviam forças mais, para desembainhar esta espada
o fulvo raio solar dizia adeus a mais um dia
entre remorsos sentidos e latentes,
ninguém ouviu essas vozes de deuses dos ateus
e pela hora da discórdia
de novo multiplicava-se a repúdia
nesta guerra contra o mundo
pois nascer pobre não é crime ainda,
tal como nascer nobre nunca será o álibi
para compelir o pânico dos murmúrios, a beleza no vão das escadas.
Sentindo o Deus pagão, que por aqui nunca quis pagar a nossa redenção.
Sentindo o verbo e a palavra, algures escondida no caminho desta canção.
Sentindo na força como quem quer segurar o cajado e libertar-se de todo o desânimo.
Sentindo o silêncio de querer chorar para te poder finalmente ouvir.
Sentindo o arrastar de um caixão pelas frias calçadas da lucidez.
Sentindo o arfar de um cão que te morde a alma.
Sentindo o cantar de um realejo de boca para quem pede beijos.
Sentindo o castigo de um noivado sem aliada nem aliança.
o desenho desta janela
já há muito que foi traçado a lápis de cor.
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