na seara do sonho,
residia o álibi
o coração com raízes ramificadas
era de novo o nosso fruto
a aragem quente não escondia todos os crimes,
que por ti aqui cometi
as mãos estavam sujas, mais sujas do que o cadáver
que agora enterrava.
os leões ferozes lutavam na selva
é o principio da sobrevivência
lá fora eles gritavam
gritavam e apelavam
"Não te esqueças de trazer as tuas armas!
Não te esqueças de trazer as tuas armas!"
o sol tolhia o suor
de um inglório esforço
o silêncio não escondia a hora da nossa retirada
pois não mais havia forças, para desembainhar esta espada
pelo fulvo raio solar dizia-se adeus aos nossos dias
entre remorsos sentidos e latentes,
e pela hora da discórdia
de novo a repudia
multiplicando-se
nesta guerra contra o mundo
na solitude ampla de um adeus
amemo-nos hoje nestes quartos
para poder compelir todo o pânico dos murmúrios,
com a beleza no vão das escadas
já lá fora nos esperando.
Sentindo o deus pagão, miasma desta nossa redenção.
Sentindo o verbo e a palavra, algures escondida nesta canção.
Sentindo na força de quem quer segurar o cajado e libertar-se do desânimo.
Sentindo o silêncio de querer chorar para te poder finalmente ouvir.
Sentindo o arrastar de um caixão pelas frias calçadas da lucidez.
Sentindo o arfar de um cão que te morde a alma.
Sentindo o cantar de um realejo de boca para quem pede beijos.
Sentindo o castigo de um noivado sem aliada nem aliança.
o desenho desta janela
já há muito que foi traçado a lápis de cor.
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